sábado, 24 de maio de 2008

INSTRUMENTOS DE PODER

No xamanismo, existe uma riqueza de símbolos. A palavra vem do grego sumballein = atar junto. Nosso mundo reflete a totalidade do Universo. Quando um xamã construiu o circulo da Roda Medicinal, montou uma representação simbólica do universo, da Mente Universal, onde o todo é conectado em sincronização harmônica com todos os seres. Cada parte do Universo Físico e cada coisa vista na Terra era visto como tendo origens no não material, mas no espiritual e mental.

Os xamãs sempre se utilizaram de objetos mágico-religiosos que lhes conferiam poder às cerimônias e rituais, assim como os talismãs que os protegiam. Descrevo a seguir um dos mais conhecidos, acrescentando que são infindáveis os instrumentos de poder utilizados nas práticas xamânicas.
São empregados em rituais, os paus-de-chuva, que simbolizam os movimentos das águas, bastões de oração diferentes formas e adornos que precederam as varinhas mágicas.
Arcos e flechas, amuletos e talismãs, diferentes instrumentos musicais, raizes e sementes, cruzes mandalas, e etc., são usados de acordo com cada crença.
Eu acredito que somos nós mesmos que consagramos e conferimos poder a qualquer objeto, portanto qualquer praticante pode ter o seus próprios instrumentos , desde que confira poder através de sua vibração energética, sua intenção e sua fé, consagrando-o em ritual e transformando-o em um pólo de emissão de energia.
Para os xamãs “MEDICINA” significa poder ou energia vital que está contida em todas as formas da natureza. Muitos chamam instrumentos de poder e amuletos de “medicina”. Os instrumentos de poder, os símbolos, representam uma espiral de geração de poder, debaixo do controle da mente. O símbolo é o mapa da mente, através de seu uso podemos encontrar nosso próprio caminho de auto-conhecimento para melhorarmos as nossa vida. Com eles podemos acessar forças cósmicas e naturais que estão imersas e têm seus seres, suas entidades..

Autor:Léo Artese
Link:http://www.xamanismo.com.br/Poder/SubPoder1191052936

sexta-feira, 23 de maio de 2008

O APRENDIZADO NO XAMANISMO




O aprendizado do xamanismo e o reconhecimento de sua coerência interna representaram para mim um importante ensinamento pessoal. O conhecimento xamânico é um manual de psicologia visionária; encontrei seus velhos símbolos, desde então, em praticamente todas as tradições religiosas : as crises, a viagem da alma, a transformação pela morte, a vítima involuntária e a festa do sacrifício, o salvador-curador. O vocabulário de imagens e idéias nessa tradição nos ensina uma espécie de língua viva, cuja essência vital nos leva cada vez mais fundo na experiência da vida. Também oferece uma iniciação numa tradição de sabedoria, porque os símbolos nos educam, fazendo surgir sentimentos e valores, e reconstextuando-os de maneira espiritual.
Nos primeiros livros de Castañeda, Dom Juan ensinou a Carlos a arte de ver através de "plantas visionárias" : o cacto peiote, o cogumelo, a datura. O estado alterado substitui a visão secular pela visão espiritual, e a partir desta flui o poder. O psiquiatra Claudio Naranjo estudou esse mesmo processo na América do Sul e verificou que as pessoas modernas que usavam yagé ou ayahuasca realmente viam alguns dos seres míticos tradicionais do xamanismo do índio brasileiro : jaguares espirituais, anacondas e criaturas ainda mais míticas, como a serpente de plumas.
Alguns dos pacientes de Naranjo achavam que tinham adquirido a visão de Raio-X da experiência xamânica. Essa faculdade é igual da América do Sul à América do Norte, da Sibéria à Austrália, e por vezes é alcançada por drogas, outras vezes sem elas. O xamã começa a ver as causas metafísicas da doença, ou outro problema - seja uma flecha de feiticeiro, um espírito da floresta que foi ofendido, um parente morto não devidamente pranteado, ou qualquer coisa.
Mircea Elíade escreve que o angaqoq, a visão mágica do esquimó é :
uma luz misteriosa que o xamã sente de repente em seu corpo, no interior de sua cabeça dentro do cérebro, um holofote inexplicável, um fogo luminoso, que lhe permite ver no escuro, tanto literal como metaforicamente, pois pode agora, mesmo com os olhos fechados, ver através do escuro e perceber coisas e acontecimentos futuros que estão ocultos aos outros.
Assim, ele vê o futuro e os segredos dos outros.
O visionário-xamã funciona como uma espécie de telescópio psíquico, portanto autorizado pela comunidade a estender sua visão e seu conhecimento.
Os grandes visionários da história são aqueles cuja visão ultrapassou o âmbito reduzido e pessoal; um exemplo notável é o Alce Negro dos Sioux, cuja grande visão pertencia ao destino psíquico de todo o seu povo. A analista junguiana Von Franz observou que um místico como Nicholas Von Flue - profundamente dedicado à pratica da contemplação - era, mais do que qualquer outra pessoa, capaz de ver o melhor caminho para toda a nação suíça em época d dificuldades.
Em última análise, nossa visão mitológica penetrante nos devia transformar não em cínicos, mas em crentes de um novo tipo - na realidade e ubiqüidade da experiência espiritual e na interminável criatividade dos seres humanos diante dela.

Essas crenças podem ser verificadas a qualquer momento que desejarmos : os mistérios deste universo se ampliam continuamente com nossa capacidade de simbolizá-los (e nossas idéias e imagens são dispositivos para ver), toda uma psique percebe um universo integrado - quando examinamos qualquer mitologia, encontramos uma tradição de sabedoria entre suas imagens, e os padrões fundamentais dessa tradição não pertencem exclusivamente a nenhuma religião específica, mas são universais.
Minha crença pessoal é que o estudo da mitologia comparada cria uma abertura respeitosa para com a experiência espiritual. Além disso, ao vermos que o herói tem realmente "mil caras", sentimos um humanitarismo profundo.
E mais importante, talvez, seja o sentimento de uma crescente abertura a todas as tradições sagradas e a um ecumenismo (xamanismo universal!!!!) que deseje ver através de qualquer conjunto de crenças e símbolos, além da superfície e até o sentido interior.
texto abaixo, extrai de Stephen Larsen, do livro Imaginação Mítica - ed Campus

Xamanismo

Bom vamos começar,comigo me apresentando,meu nome é Giovanne e estou aprendendo xamanismo e já sei uma boa parte dele,irei colocar algumas informações sobre ele,sobre druidismo e alguma coisa que eu veja em relação a um "mago" da natureza em outras culturas

O que é Xamanismo?
A Busca de uma Definição

Quando a maioria das pessoas, atualmente, ouve a palavra xamanismo, pensam em culturas indígenas americanas, outros reclamam por que não pajelanças se estão no Brasil, mas sempre considerado como “programa de índio”.
O xamanismo não se refere apenas à espiritualidade indígena, e óbvio que foram os indígenas os grandes responsáveis por manterem acessas as chamas da “Medicina da Terra” mas as práticas se originaram no homem primitivo , no paleolítico.
A palavra tem origem siberiana e não americana e é usada hoje, como uma forma única para descrever as práticas no mundo todo. Ou seja, as práticas são universais, é um legado do Mundo Espiritual para a Humanidade. Não pode haver fronteiras.
A palavra xamanismo foi criada por antropólogos (ver em xamã) para definir um conjunto de crenças ancestrais, que para mim, é um caminho de conhecimento. Nós podemos perceber traços do xamanismo em várias religiões.
As raízes do xamanismo são arcaicas, e alguns antropólogos chegam a pensar que elas recuam até quase tão longe quanto a própria consciência humana.As origens do xamanismo datam de 40.000 a 50.000 anos, na Idade da Pedra. Antropólogos têm estudado xamanismo nas Américas; do Norte, Central, Sul. Na África, entre os povos aborígines da Austrália, entre os Esquimós, na Indonésia, Malásia, Senegal, Patagonia, Sibéria, Bali, Velha Inglaterra e ao redor da Europa, no Tibet onde o xamanismo Bon segue a linha do Budismo Tibetano, em todos os lugares ao redor do mundo. Seus traços estão presentes nas Grandes religiões.
Religião da Idade da Pedra
Piers Viebsky em :O xamã, cita que em 1991 foi encontrado o corpo mumificado de um homem preservado sob as neves dos Alpes Austríacos. Foi apanhado por um temporal ao cruzar um desfiladeiro da montanha há cerca de cinco mil anos. Poderia ser de um pastor (de ovelhas) mas as tatuagens na pele, um disco de pedra numa correia e alguns musgos secos medicinais encontrados em sua posse permite a suposição de que era um xamã numa viagem ritual.
Muito antes de ter sido descoberto esse "homem do gelo", no princípio do sec. XX, foram encontradas pinturas rupestres pré-históricas no Sul da França, de figuras semi-humanas, semi-animais, entre animais comuns, que foram consideradas como representando xamãs, e que conduziram a suposição de que o xamanismo foi a religião humana original e primordial.

Numa das gravuras, um homem com o falo ereto esta deitado ao lado de um bisonte, com uma cabeça de pássaro ao seu lado; o próprio homem parece ter a cabeça de pássaroe presume-se que a gravura represente um xamã em transe. Essa interpretação foi popularizada na década de 60 po Lommel, num livro profusamente ilustrado, Shamanism:The Beginnings Of The Art.

A figura da gruta de Les Trois Frères, nos Pirineus franceses que foi chamada de Feiticeiro Dançador, é considerada por alguns estudiosos como representando um xamã. Uma criatura masculina vista de perfil, olha de frente para quem a contempla, com os seus olhos muito redondos. Todas as partes da sua anatomia parecem pertencer a um determinado animal: orelhas de lobo, chifres de veado, rabo de cavalo e patas de urso. E, no entanto, o efeito geral é notoriamente humano. Outra interpretação possível é a de que represente um espírito Senhor dos Animais, personificando simultaneamente a essência de todas as espécies.
O primeiro tratado vem da Sibéria (altaicos, iacutes, buriatas, tungues, vogul, samoiedos, etc.). Uma fonte acredita que os homens/xamãs teriam emigrado durante as grandes glaciações, seguindo rebanhos de renas. Eles passaram pelo estreito de Bering, ou por uma ponte terrestre que ligava os dois continentes e se espalharam pelo mundo.
Encontram-se fenômenos xamânicos similares entre os esquimós, índios das Américas; do Norte, Central e Sul; na Oceania, na Austrália, no sudeste asiático; e enfim, na Índia, no Tibet e na China. Trata-se, aqui, de um conjunto de práticas evidentemente adaptadas a cada cultura, a cada crença, mas que em toda parte apresenta o mesmo conteúdo mágico, religioso e simbólico. Faz pensar que todos vieram de uma mesma fonte de conhecimento.
Se eu tivesse que sintetizar o que é xamanismo, diria que é a "Jornada da Consciência", é um legado da humanidade, além das fronteiras dos países, credos, raças, filosofias. Xamanismo Universal não significa uma classificação nova no xamanismo, o xamanismo é universal. A premissa básica é o reconhecimento que todos fazemos parte da Família Universal e tudo está interligado. O praticante compreende o “Espírito Essencial” que está dentro dele mesmo, na natureza e em todos os seres. O praticante sabe quem ele é, e como se relaciona com o Universo. No sentido do "religare" pode ser considerada uma religião. Mas o xamanismo não é como um conjunto de ritos específicos que seguem seus mestres máximos como cristianismo (Cristo), budismo (Buda), islamismo (Maomé), Taoísmo (Lao-Tsé), etc; cujas práticas são determinadas e iguais, possuem seus Livros Sagrados de conduta em todos os lugares do mundo.
Mas, na essência são práticas religiosas. Ou seja o xamanismo se insere de acordo com a crença espiritual/religiosa local. O xamanismo é um fenômeno religioso. Pode-se dizer que as religiões representam um xamanismo adaptado e que, por sua vez, afetaram as tradições xamânicas continuadas ou marginalizadas, nas culturas que dominaram. As práticas, os mitos, as entidades dependem da tribo, linha, geografia, crenças...
O xamã é sempre uma figura dominante, e não um santo um avatar ou um profeta.O xamã é um intermediário entre o mundo espiritual da natureza e a comunidade.
A Medicina da Terra é derivada de conhecimentos medicinais, passados pelos ancestrais, que são honrados por aqueles que recebem a iniciação. O guichê mais ultrapassado é aquele em que o iniciado tenta "matar” simbolicamente seu iniciador, ao invés de honrá-lo. Isso é enfraquecer a raiz pela qual ele foi formado, uma auto-sabotagem espiritual. O entendimento disso faz com que o discipulado crie conscientemente um movimento de afinidade que traz harmonia no resultado.

O "conhecimento" é para todos, mas "sabedoria" é para alguns. Por isso, acho importante a divulgação do conhecimento e aplicação prática dele, pois existe ainda uma minoria que se transforma. É como um garimpo! Entre esses buscadores do conhecimento sempre sai uma pepita de ouro, que vai fazer o mundo mais brilhante. Por essas pepitas vale a pena. E, o coração do verdadeiro iniciado tem que se confortar com isso, pois sempre é a minoria. Por outro lado existe um outro fenômeno. Algumas pessoas lançam-se à determinadas práticas, sem o devido conhecimento e sem as "bênçãos espirituais" Ou seja, ação sem conhecimento. O que pode ser mais problemático ainda.
Muitos iniciam a caminhada, mas poucos atingem as maiores alturas. E, não está limitada aos iluminados, é disponível para todos nós, dependendo da sinceridade, humildade com que a buscamos. Sabedoria xamânica é a sabedoria da Mãe Terra e, a cada filho dela, é dado um presente, algum talento especial.
O xamã compreende o Círculo Sagrado da vida e recomenda, ajuda na cura e ensina o que é necessário para o bem comum da comunidade.Isto significa freqüentemente colocar a comunidade em primeiro plano. O caminho xamânico conduz a um relacionamento de amor com a Mãe Terra. Não é possível praticar o verdadeiro xamanismo, sem incluir os cuidados com a preservação da vida de todos os reinos (animal, mineral, vegetal, espiritual) em nosso planeta.
O xamanismo aparece como um reflexo de um “Grande Espírito”, que pode ter vários nomes. É honrado o Criador e todas as suas criaturas, sejam pedras, animais, aves, plantas, peixes, insetos, águas, ventos, etc., que compartilhamos a existência nesta vida. Essa consciência, esse alinhamento com as forças da natureza, transforma-se em poder de cura e expande habilidades psíquicas, através da reconexão com a vida, com o Sagrado, com o mistério da Criação.
O foco das práticas do xamanismo centra-se nos ritmos cíclicos da natureza: nascimento, morte e renascimento, a complementaridade masculino e feminino, o contato pessoal individual com ambiente imediato da terra, com as forças da terra do sol, da lua e das estrelas. Um verdadeiro xamã,enfrentou suas sombras, que enfrentou e venceu seus medos : da insanidade, da solidão, do orgulho, da vaidade e dos vícios;da doença, ao passar por mortes em vida. Depois disso escolhe torna-se curador curado, auxiliador, profeta, visionário, à serviço das pessoas.
No xamanismo ao redor do mundo podemos ver as similaridades que definem as práticas :
A Busca por estados Alterados de Consciência, Vôo da Alma / Êxtase. O xamã é um especialista e um mestre da viagem estática
A capacidade de viajar em espírito assumindo a forma de um animal ou ave, ou diretamente através daquilo a que chamaríamos de experiência fora-do-corpo. Este vôo mágico é um dos fundamentos do xamanismo
Viagem por mundos paralelos ( Reino dos Espíritos). Mundos invisíveis à realidade ordinária, a fim de guiar espíritos, obter conhecimento espiritual.
Trabalho como canal de cura, o conhecimento do poder das plantas, pedras, dos espíritos animais e seres da natureza.
Devoção à Criação : O Sol, a Lua, as Estrelas, o reconhecimento da presença de Deus em todas as manifestações do Universo
Interação com espíritos da natureza
Utilização de instrumentos de poder para induzir ao transe /estados alterados de consciência (tambores, maracás, etc)
Conhecimento sobre o fogo
Utilização de plantas (purificação, enteógenas, medicinais, magnéticas)
Canções de Poder
Danças
Respiratórios e dietas
Contação de histórias, preleições.

O Xamanismo como a mais antiga prática espiritual da humanidade, o respeito pela ecologia, o reconhecimento do Sagrado, a necessidade de expandir a consciência e obter resposta em mundos paralelos, a prática do amor incondicional são a base das práticas. A prática estabelece contato com outros planos de consciência, a fim de obter conhecimento, poder, equilíbrio, saúde.Propicia tranqüilidade, paz, profunda concentração, estimula o bem estar físico, psicológico e espiritual.
A interação harmônica dos elementos equilibra a Jornada da Nossa Alma, faz girar a Roda da Vida em harmonia.No xamanismo, praticado na atualidade, lemos a Magia dos Elementos:
A Terra é relacionada com o corpo físico, e com as sensações.
A Água é relacionada com a alma e com as emoções e sentimentos.
O ar é relacionado com a mente é aos pensamentos e idéias.
O fogo é relacionado com o espírito e associado à consciência, a claridade, a inspirarão.
O reconhecimento do caminho da verdade vem da expansão da consciência e a compreensão que o verdadeiro poder está dentro de cada praticante e provém do desenvolvimento de seus próprios dons. Inspirados na sabedoria dos povos ancestrais temos o desafio de resgatar o conhecimento acumulado das práticas xamânicas, das diversas tradições do planeta, para os dias atuais. Assim pretendemos contribuir para a saúde, autoconhecimento e o bem-estar geral do nosso povo assim como resgatar valores para uma vida mais harmônica e ecologicamente correta.
Os ancestrais xamânicos viviam em harmonia e equilíbrio com todos os seres sejam eles pedras, plantas, animais, pássaros, peixes, e até insetos.Para garantir sua sobrevivência, em ambiente hostil, os homens primitivos, interpretavam os sinais e as mudanças da natureza a seu redor. Viviam de acordo com os ciclos do Sol e da Lua, das mudanças das estações, das manifestações da natureza, vento, chuva, etc.

Os caminhos do xamanismo são espirituais. A prática xamânica compreende a capacidade de entrar e sair de estados de consciência, de realidades não-ordinárias Os estados alterados de consciência, não envolvem apenas o transe, e sim a capacidade de viajar na realidade incomum com o objetivo de encontrar-se com espíritos animais, plantas, mentores, obter insights, para curas, oráculos.
Os estados alterados de consciência incluem vários graus; Stanley Kryppner chega a classificar 20 estados diferentes de consciência. Eliade fala do êxtase, Castañeda fala do nagual. Nirvana, samadhi, alfa, transe, satori, consciência cósmica, supraconsciência, etc. também são nomes para a mesma manifestação.
São através desses estados que conseguimos nos conectar com nossos mitos, símbolos, nossa verdade interior. Conseguimos expandir a nossa percepção para os mistérios que estão guardados em nós mesmos. Aprendemos a sentir, ver e ouvir a energia.Nos religamos com o Sagrado e com a fonte criativa de tudo o que nos acontece. Através da consciência ordinária, não conseguimos alcançar níveis profundos do nosso ser. Existem diversas técnicas ou rituais para se chegar a estados mais profundos de consciência, dentre elas: tambores, danças, jejuns, plantas de poder (enteógenos), respirações, posturas corporais, e outros.
Através desses estados especiais nos alcança-se uma experiência divina, acessa-se uma fonte de Sabedoria Superior, podemos curar nosso corpo, nos conhecemos melhor através das visões, expandimos a nossa consciência. São através desses estados, que é possível conectar com mitos, símbolos, nossa verdade interior, expandir a nossa percepção para os mistérios que estão guardados em nós mesmos.
Aprendem-se as influências e forças da Terra, e como as energias naturais, afetam a vida. Tudo na natureza cresce e muda. É um ciclo. Os povos antigos consideravam a viagem circular da Terra ao redor do Sol uma roda, representando o eterno ciclo de nascimento e desabrochar, crescimento e florescimento, maturidade e frutificação, envelhecimento e decadência, morte e decomposição e, novamente renascimento, refletido na vida humana e na natureza.
Os nativos reconhecem o círculo como o principal símbolo para o entendimento dos mistérios da vida. Observaram que ele estava impresso em toda a natureza. O homem olha o mundo através dos olhos, que é um círculo. A Terra, a Lua, o Sol, os planetas; são todos circulares. O nascer e o por do Sol, acompanham um movimento circular. As estações formam um círculo. Os pássaros constroem ninhos em círculos, animais marcam seus territórios em círculos. As cabanas, ocas, tipis são circulares.
O xamanismo resgata a relação sagrada do homem com o planeta. O resgate dos festivais sazonais (Solstícios e Equinócios), por exemplo, não marcam apenas a jornada do Sol, mas também os pontos críticos das estações, o ciclo agrícola, nossas emoções, hábitos. Essas "Forças Verdadeiras”, acessadas desde o princípio, na história espiritual da Terra, são resgatadas através dos séculos e podemos senti-las atuando em todos os momentos da cerimônia.
Podemos sentir a ligação profunda que a natureza tem com a vida nos tornarmos parte de uma comunidade global, propomos o Vôo da Consciência em busca de novos horizontes, de novas conquistas, de um novo ser, de uma nova vida. O início de uma vida pautada na sabedoria encontrada nas folhas, nos movimentos dos ventos, no poder transformador do fogo, nos espíritos ancestrais, na jornada da alma, na missão.
As religiões do mundo moderno não têm tempo para a ecologia espiritual, assim como a cultura e o modelo de pensamento consumista atuante.
As Grandes Religiões inspiram e apontam para uma vida eterna fora deste planeta e pouco se preocupam em honrar as realidades do espaço sagrado em que vivemos. Muitos vivem, atualmente, com uma sensação de separação, de isolamento, um sentimento de que deva existir um sentido maior na vida. Os rituais xamânicos podem trazer a consciência de somos apenas um "microcosmo", de que somos parte de "algo maior", de que somos filho da Terra, parte de uma Terra Viva.
Harmonia - Amor - Paz e Luz

Link: http://www.xamanismo.com.br/Universo/SubUniverso1186617496
Artigo retirado do site: http://www.xamanismo.com.br
artigo original escrito por: Léo Artése

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Santa Sara Kali


História

A Cigana Escrava que Venceu os Mares com sua Fé e Virou Santa Conta a lenda que Maria Madalena, Maria Jacobé, Maria Salomé, José de Arimatéia e Trofino, junto com Sara, uma cigana escrava, foram atirados ao mar, numa barca sem remos e sem provisões. Desesperadas, as três Marias puseram-se a orar e a chorar. Aí então Sara retira o diklô (lenço) da cabeça, chama por Kristesko (Jesus Cristo) e promete que se todos se salvassem ela seria escrava de Jesus, e jamais andaria com a cabeça descoberta em sinal de respeito. Milagrosamente, a barca sem rumo e à mercê de todas as intempéries, atravessou o oceano e aportou com todos salvos em Petit-Rhône, hoje a tão querida Saintes-Maries-de-La-Mer. Sara cumpriu a promessa até o final dos seus dias. Sua história e milagres a fez Padroeira Universal do Povo Cigano, sendo festejada todos os anos nos dias 24 e 25 de maio.

Segundo o livro oráculo (único escrito por uma verdadeira cigana) "Lilá Romai: Cartas Ciganas", escrito por Mirian Stanescon - Rorarni, princesa do clã Kalderash, deve ter nascido deste gesto de Sara Kali a tradição de toda mulher cigana casada usar um lenço que é a peça mais importante do seu vestuário: a prova disto é que quando se quer oferecer o mais belo presente a uma cigana se diz: "Dalto chucar diklô" (Te darei um bonito lenço). Além de trazer saúde e prosperidade, Sara Kali é cultuada também pelas ciganas por ajudá-las diante da dificuldade de engravidar. Muitas que não conseguiam ter filhos faziam promessas a ela, no sentido de que, se concebessem, iriam à cripta da Santa, em Saintes-Maries-de-La-Mer no Sul da França, fariam uma noite de vigília e depositariam em seus pés como oferenda um Diklô, o mais bonito que encontrassem. E lá existem centenas de lenços, como prova que muitas ciganas receberam esta graça.

Para as mulheres ciganas, o milagre mais importante da vida é o da fertilidade porque não concebem suas vidas sem filhos. Quanto mais filhos a mulher cigana tiver, mais dotada de sorte ela é considerada pelo seu povo. A pior praga para uma cigana é desejar que ela não tenha filhos e a maior ofensa é chamá-la de DY CHUCÔ (ventre seco). Talvez seja este o motivo das mulheres ciganas terem desenvolvido a arte de simpatias e garrafadas milagrosas para fertilidade.

Autor: Nelson Pires Filho, Livro: Rituais e Mistérios do Povo Cigano Site: Magia Cigana

Outras versões são contadas, mas essa é a mais popular entre todas.

Considerada pela Igreja Católica como Santa de culto local , pois nunca passou pelos processo de canonização, Sara esta liga da a história das tradições cristãs da Idade Média e o assim chamado culto às virgens negras. Não se conhece a razão exata que levou os ciganos a eleger Santa Sara como sua padroeira.

Certo é que ela é a mais venera da Santa para os ciganos e todo acampamento cigano conduz uma estátua da virgem negra depositada num altar de uma das tendas cercadas por velas, incenso, flores, frutas e alimentos. Contam as lendas que os restos mortais de Sara foi encontrados por um rei em 1448 e depositados na cripta da pequena Igreja de Saint-Michel em Saint Maries de La Mer.

Assim, todos os anos na madrugada de 24 de maio milhares de ciganos de quase todas as regiões da Europa, África, Oriente e dos quatro cantos do mundo, reunem-se na pequena igreja de Saint-Michel em louvor e homenagem a sua padroeira.

Orações:

ORAÇÃO A SANTA SARA I

Santa Sara, pelas forças das águas.

Santa Sara, pelos seus mistérios.

Tu possas estar sempre ao meu lado.

Eu, devota dos filhos dos Ventos, das Estrelas e da Lua Cheia, peço que a senhora esteja sempre ao meu lado.

E que pelas fitas do Povo Cigano, a Estrela de Cinco Pontas, os Incensos; pelo meu altar, pela minha Cigana, eu possa ter sabedoria e amor para ajudar a toda criatura que vier a mim em busca de auxílio.

Santa Sara, eu vos peço que meus inimigos nunca me enxerguem, como sempre foste pare eles uma noite escura, sem estrela e sem luar.

Santa Sara me abençoe e acompanhe todos os meus amigos, e que sempre todos que baterem em minha porta eu tenha sempre uma palavra de amor e carinho para dar.

Que eu nunca seja orgulhosa e que sempre continue a mesma pessoa sincera e bondosa que sempre fui, sou e tenho certeza serei.

Assim seja!



ORAÇÃO A SANTA SARA II

SARA, SARA, SARA, fostes escrava de José de Arimatéia, no mar fostes abandonada

(pedir para que nada nos abandone: amor, saúde, dinheiro, felicidade...)

teus milagres no mar sucederam e como santa te tornastes, a beira do mar chegastes e o "CIGANOS" te acolheram, SARA, Rainha, Mãe dos Ciganos ajudaste

e a ti eles consagraram como sua protetora e mãe vinda das águas.

SARA mãe dos aflitos, a ti imploro proteção para o meu corpo, luz para meus olhos enxergarem até no escuro

(pedir força para os seus olhos, videncia),

luz para o meu espírito e amor para todos os meus irmãos: brancos, negros, mulatos,enfim a todos os que me cercam.

Aos pés de Maria Santíssima, tu, SARA me colocarás e a todos os que me cercam para que possamos vencer as agruras que a terra nos oferece.



SARA, SARA, SARA, não sentirei dores nem tremores, espíritos perdidos nao me encontrarão e assim como conseguistes o milagre do mar,

a todos que me desejarem mal, tu com as águas me fará vencer

(quando a pessoa nao está bem e querendo resolver algo muito importante beber três goles de água).



SARA, SARA, SARA, não sentirei dores nem tremores, continuarei caminhando sem para assim como as caravanas passam, no meu interior tudo passará

e a união comigo ficará e, sentirei o perfume das caravanas que passam deixando o rastro de alegria e felicidade, teus ensinamentos deixarás.



Amai-nos SARA, para que eu possa ajudar a todos que me procurem, ajuda dos pelos poderes de nossos irmãos Ciganos, serei alegre e compreensivo(a) com

todos os que me cercam.



Corre no Céu, corre na Terra, corre no Mundo e SARA, SARA, SARA estará sempre na minha frente, sempre atrás, do lado esquerdo, do lado direito.



E assim dizemos: somos protegidos pelos Ciganos e pela SARA que me ensinará a caminhar e perdoar.

Reze 3 Ave Marias (1ª para SARA, 2ª para os Ciganos e a 3ª para você)

Acenda uma vela Azul-Clara em sua Oração a Santa Sara.





ORAÇÃO A SANTA SARA III

(em louvor a todos os ciganos).

Opacha, Opcha, minha Santa.Sara Kali, mãe de todas as tribos ciganas dessa Terra ou do além túmulo.

Mãe de todos os ciganos e protetora das carruagens ciganas.

Rezo invocando teu poder, minha poderosa Santa Sara Kali, para que abrande meu coração e tire as angústias que depositaram aos meus pés.

Santa Sara me ajude.

Abra meus caminhos para a fé no teu poder milagrosos.

Venceste o mal, todas as tempestades e caminhou nas estradas que Jesus Cristo andou.

Mãe dos mistérios ciganos que dá força a todos os ciganos no dom da magia, me fortaleça agora, sendo eu cigano ou não cigano, bondosa.

Santa Sara, abrande os leões que rugem para me devorar.

Santa Sara, afungente as almas perversas para que não possam me enchergar.

Ilumine minha tristeza para a felicidade chegar, Rainha.

Atravesaste as águas dos rios e do mar por cima delas e não afundaste, eu invoco teu poder para eu não afundar no oceano da vida.

Santa Sara, sou pecador, triste,sofrido e amargurado.

Me traga força e coragem, como dás ao Povo Cigano teus protegidos, Mãe, Senhora e Rainha da Festas Ciganas .

Nada se pode fazer numa Tenda Cigana sem primeiro invocar teu nome, e eu invoco pelo meu pedido Santa Sara Kali.

Tocam os violinos, caem as moedas, dançam as ciganas de pés descalços em volta da fogueira, vem o cheiro forte dos perfumes ciganos, as palmas batendo,

louvando o Povo de Santa Sara Kali.

Que o Povo Cigano me traga riquezas, paz, amor e vitórias.

Agora e sempre louvarei teu nome Santa Sara Kali e todo Povo Cigano.

Opcha , opcha Santa Sara Kali.



Acenda uma vela Azul-Clara em sua Oração a Santa Sara.



ORAÇÃO A SANTA SARA IV

A cigana tem o mistério, pois, do futuro, tudo entende. Na lua Cheia tem sua magia; em seus cristais está sua energia; seu incenso é sabedoria; sua dança é

alegria; com suas fitas coloridas tem fama de andarilha. O fogo revela o futuro, o poder, a força da natureza. A violeta é o ser perfume. Santa Sata é sua

padroeira.

"Santa Sara, pelas forças das águas, Santa Sara, com seus mistérios, possa estar sempre ao meu lado, pela força da natureza".

Nós, filhos dos ventos, das estrelas e da Lua Cheia, pedimos à senhora que esteja sempre ao nosso lado; pela figa, pela estrela de 5 pontas, pelos cristais que hão

de brilhar sempre em nossas vidas. E que os inimigos nunca nos enxerguem, como a noite escura, sem estrelas e sem luar.

A Tsara é o descanso do dia-a-dia, a Tsara é a nossa tenda. Sara, Sara, me abençôe; Sara Sara, me acompanhe. Santa Sara, ilumine minha Tsara, para que a
todos que batam à minha porta eu tenha sempre uma palavra de amor e de carinho.

Santa Sara, que eu nunca seja uma pessoa orgulhosa, que eu seja sempre a mesma pessoa humilde.



ORAÇÃO A SANTA SARA

Segundo a Umbanda

Salve Rainha Sarah.

Salve sua formosura.

Que a tua magia se faça sempre presente na minha vida e na de todos aqueles que estiverem sob o meu teto.

Quando estiveres no caminho de tuas vibrações maiores, não te esqueças dessa humilde criatura cujo caminho é árduo de sofrimento e provocações.

Salve tua harmonia que tanta falta nos faz neste mundo de tempestades e tormentas.

Que os teus sete ciganos cavaleiros andantes possam com tua permissão, favorecer todos os que deles precisarem.

Rainha e Senhora dos grandes segredos, dos grandes mistérios, não nos deixe caminhar sem tua proteção, sem os teus cuidados.

Onde começa a tua ternura é onde avança a nossa esperança.

Salve o povo cigano.

Salve Santa Sarah Kali!

Saravá!



Oferendas:

Num local reservado de sua casa, forre uma mesinha com uma toalha florida ou a cor de sua preferência (menos preta), coloque a imagem de Santa Sara (caso a tenha), coloque num vaso rosas brancas, amarelas e rosa, um prato dourado de papelão contendo 3 maçãs vermelha, 1 cacho de uva rose e 1 da verde, 6 flores de trigo, acenda um incenso de rosas, 3 velas azuis formando um triângulo com o prato ao meio, borrife essência de rosas e ofereça a Santa Sara, fazendo a oração acima e os seus pedidos.

Estes textos foram retirados dos seguintes sites:

www.salves.com.br

www.jornalexpress.com.br

stelllamaris

santa_sara

Atenção!

O Sàbedoria Mística gostaria de se desculpar públicamente com as reais autoras da Oração de Santa Sarah!

O texto foi retirado de sites que não continham a autoria e esta foi a nossa falha.

O texto acima é de autoria reconhecida de
ANA DA CIGANA NATASHA E DE EDILEUZA DA CIGANA NAZIRA

e é encontrado no livro:
MISTÉRIOS DO POVO CIGANO

da Editora
PALLAS

Gentilmente nos desculpamos com as autoras e deixamos claro que nossa intenção não é de roubar créditos, mas sim passar o que há de melhor sobre as culturas e religiões abordadas.

Mais uma vez desculpe pela nossa "falha".
Atenciosamente,

Aprendiz de Feiticeiro

Orações Ciganas

Para encontrar um grande amor:

"Minha estrela reluzente, aquela que mais brilha no céu.
Vai até o coração de alguém que ainda acredita no amor.
Com as fitas coloridas do povo cigano, amarre e traga essa pessoa para mim.
Com mel e o vinho cigano, eu chego pelo tempo até você, que precisa do meu amor.
Alguém que venha me amar, com intensidade, mas sabendo ser doce e meigo comigo.
Que a força da energia Cigana o traga para mim.
Que a força do amor que eu tenho seja capaz de envolvê-lo.
Ofereço as Ciganas Encantadas essa oferenda, como alguém que oferece uma taça de amor.
Alguém que esteja sedento, chegará com a força de um leão feroz, mas será manso como um carneiro.
Chegará e me envolverá com a força do amor caliente.
Chegará para libertar a alma cigana que existe em mim, e, assim, podermos chegar à estrada do amor.
Ciganas Encantadas, que suas forças se façam presente, abrindo os meus caminhos para que eu possa viver um amor cigano.
Assim seja para o bem de todos".

Ofereça às Ciganas Encantadas : mel e vinho, sob uma linda roseira vermelha.

Faça com fé e na Lua Crescente.

Oração Cigana

Deus está em toda parte ao mesmo tempo.
Ao seu redor e dentro de você.
Você jamais estará desamparado e nunca esta só.
Não permita que a mágoa o perturbe.
Procure manter-se calmo, para ouvir a voz silenciosa de
Deus que esta em você e assim poderá superar todas
as dificuldades que aparecerem em seu caminho e,
há de descobrir a verdade que existe em todas as coisas e pessoas.

Oração Para o Povo do Oriente

Salve ó Bandeira Branca, Salve São João Batista, Salve estrela de David, e seus seis lados, Mestre Jesus, Buda, Sta. Maria Madalena, Sta. Sara Kali, São
Lázaro, arcanjos, serafins, querubins, anjos protetores nos auxiliem neste momento, nesta corrente de luz, rogai ao Arquiteto do universo, a Alá, em nosso favor
e, levai nossos pedidos (mencionar o pedido) para que ele seja aceito.

São Miguel, São Rafael, São Gabriel, Baltazar, Melchior, Gaspar, Reis do oriente, venham nos ajudar forças egípcias, chinesas, indianas, árabes, ciganos, beduínos, videntes, profetas, magia de ponto, de pó, astrologia, pura manifestação das almas batizadas em águas sagradas.

Salve o Povo do Oriente!

Salve os quatro cantos do mundo!

Guerreiros, reis, príncipes, Santos e Santas do bem, doutores de branco, doutores da lei, mandamentos sagrados, sangue, suor, vitória de homens coroados.

Baptista é quem nos comanda, fonte de pura energia, pirâmides preciosas, rosas brancas no deserto, luz em nossas vidas, amparo de almas, linha branca bendita.

Assim seja!!!!

(Essa é uma oração para atrair proteção do Povo do Oriente e é bom rezar com uma vela branca, um copo de água do mar, um incenso indiano e vestir roupa clara).

Oração para a Cigana

És uma linda flor que desabrocha no amanhecer és um espírito de luz
És a lua que clareia nossas mentes para que possamos dar um conselho na hora certa.
És o espírito que nos dá força para superarmos todos os nossos obstáculos.
És a estrela brilhante que ilumina nossas vidas neste planeta Terra.
És um espírito maravilhoso que à noite vigia nossos sonhos, impedindo a aproximação de espíritos maléficos
Cigana, com tuas fitas coloridas, estás sempre transmitindo a força do arco-íris.
Sempre que o aflito te invocar, possas transmitir-lhe a energia da paz, da harmonia e da consolação.
Que, ao olhar a chama de uma vela, possamos sentir a tua presença.
Que, ao tocar um cristal, possamos sentir a tua energia positiva.
Que, ao sentir o aroma de violetas, possamos sentir que estás nos confortando.
Cigana, cobre-nos com tua saia colorida, escondendo-nos dos invejosos e mostrando a eles que o caminho não é esse.
Cigana encantada, que nesta hora possamos sentir segurança, paz e felicidade.
Com teu encanto, encanta coisas boas para que os nossos caminhos não tenham obstáculos.
Desencanta todas as perturbações que existam nos lares, Cigana, cura aqueles que estejam doentes do espírito, da alma, da matéria,
Com o poder do Pai-Sol
Com o poder da Mãe- Terra,
Nós te pedimos que nossos pedidos sejam atendidos.
Por Santa Sara, a padroeira dos ciganos, e por todos os espíritos ciganos que viveram e sofreram nesta Terra, nesta corrente de fé, Cigana.

ORAÇÃO PARA O CIGANO

Cavaleiro da noite e do dia, homem forte e corajoso, és a força de um grupo cigano, és poder.
Com teu violino encantas a Lua Cheia.
Com teu sapateado ajudas a Mãe-Terra a sentir teu lamento cigano e sentes na relva a energia mais profunda da Natureza.
Ao olhar a fogueira decifras o que dizem as labaredas, pois é na chama do fogo que são revelados os mistérios do mundo.
Cigano, és homem forte e seguro do que queres.
Cigano, és amor, carinho, ternura e paixão ardente
Cigano, pareces árvore frondosa de tronco grosso, a proteger-nos das falsidades desta vida terrena.
Ao olhar para o infinito, possa eu sentir a tua energia.
Cigano, ao olhar a chuva caindo na relva, possa eu sentir-te lavando-me das impurezas deste mundo; e ao olhar a chama de uma vela, possa eu sentir-te a dizer-me:
"Estou te protegendo".

Fontes: Variadas

O Povo Cigano

A história dos ciganos pode ser dividida em três partes: a origem, a dispersão e a situação atual. Como, porém, em uma parte posterior deste trabalho será aprofundado o item situação atual, não cabe neste capítulo relativo à história abordar esses dados. Serão apresentadas, então, as questões ligadas a sua origem até a chegada ao Brasil.

Os ciganos fazem parte de uma etnia de cultura própria, rica, já que por variadas razões encontram-se dispersos por todo o mundo, tendo passado, em suas andanças, por diferentes países, legando e enriquecendo a sua cultura. Uma pequena parcela, hoje em dia, ainda é nômade, mas a maioria, como no caso dos ciganos do Rio de Janeiro, é seminômade e sedentária.

Segundo Arthur R. Ivatts, sociólogo, educador britânico e assessor da Comissão Consultiva para a Educação dos Ciganos e Outros Nômades, a concentração maior desse povo fica na Europa, ou seja, da população mundial cigana, mais ou menos a metade é residente na Europa, sendo que dois terços na Europa Oriental, e, parte reside ainda, no norte e no sul da África, no Egito, na Argélia e no Sudão. Nas Américas, o contingente está distribuído dos Estados Unidos à Argentina, tendo uma maior concentração no território brasileiro.

Devido ao modo de vida cigano, é difícil calcular o número exato deles, mas, segundo Ivatts, em 1975, sem contar com a Índia e o sudeste asiático, os ciganos eram, em média, cerca de sete a oito milhões em todo o mundo.

Antes de desenvolver o tema, é preciso deixar claro que o termo cigano é genérico, assim como índio, ou seja, dentro dessa etnia existem subdivisões e, nelas, existem famílias que fazem das tradições uma cultura própria de acordo com o subgrupo ao qual pertencem. No Brasil, mais particularmente no Rio de Janeiro, existem dois grandes grupos de ciganos: o Rom e o Calom.

O grupo Rom é mais disperso, pois, devido a sua origem extra-Ibérica, é encontrado no mundo todo, da União Soviética à Argentina. São os considerados ciganos autênticos e tradicionais. No Rio de Janeiro, foram contactadas famílias de três grupos rons: o Kalderash, o Khorakhanè e o Ragare.

Os nomes dos subgrupos são apresentados por força de uma profissão própria e predominante na família através dos tempos, como os kalderashès (ferreiros, caldeireiros, produtores de panelas, parafusos, utensílios, chaves, pregos, ferramentas, selas, cintos e outros objetos de couro). Alguns são exibidores de feras amestradas, os circenses (lovares) e (manushes). Outros ainda, que eram antigos traficantes de cavalos, atualmente, negociam com carros, sendo também exímios comerciantes, mecânicos e lanterneiros, como os ciganos do grupo Calom. Há também os que vendem ouro, jóias, roupas, tapetes, que são os mercadores ambulantes ou feirantes.

Os ciganos do grupo Calom situam-se, na Espanha — particularmente em Andaluzia, onde existe a maior concentração de calons — em Portugal, na África do Norte e no sul da França, são os chamados ciganos Ibéricos. Há muitos anos, alguns desse grupo foram deportados ou emigraram para as Américas, existindo, assim, uma grande parte desses ciganos no Brasil.

Diferenciam-se dos rons pelo aspecto físico, dialeto e costumes. Sua maioria encontra-se nômade, principalmente no Norte e Nordeste, mas uma grande parte já está totalmente sedentarizada, principalmente no Rio de Janeiro. Muitos exercem profissões ligadas à justiça: juízes, promotores, advogados, oficiais de justiça e policiais.

Os grupos e os subgrupos serão conhecidos minuciosamente no decorrer deste trabalho, mas, para finalizar essa visão histórica, é importante mencionar que o termo rom significa cigano para qualquer cigano, pois calom, como são conhecidos os ciganos Ibéricos, é o dialeto utilizado por estes desde a época da repressão na Espanha e em Portugal. O Romanês ou Romani, língua mundial cigana, traz a palavra rom significando homem, cigano e marido.

Fonte: www.guardioesdaluz.com.br

Novena para Santa Sara Kali para engravidar

História da Santa:

Dada às perseguições aos cristãos, alguns discípulos de Jesus foram colocados numa barca sem remos, sem velas, sem alimentos e água, em represália à fidelidade à Cristo.

Entre os que receberam este castigo estavam: Maria Salomé, mãe do discípulo Tiago Maior e João; Maria Jacobé, irmã ou prima da Virgem Maria; Lázaro e suas irmãs Marta e Maria Madalena, além de Maximino e Sidônio, o cego de Jericó. No momento em que a embarcação foi jogada ao mar, uma escrava egípcia, Sara, implorou para que a levassem junto. E um milagre aconteceu: Maria Salomé jogou um grande lenço sobre as águas e Sara caminhou sobre ele até subir ao barco. Os ciganos a veneram com o nome de Sara, a Kali (que significa negra ou morena).

Seus restos mortais repousam na Igreja de Notre-Dame-de-La-Mer, na cidade de Saintes Maries de La Mer, antiga Camargue, no Sul da França, segundo consta ao lado das criptas de Maria Jacobé e Maria Salomé. As relíquias foram descobertas em 1449 e hoje a igreja é um dos locais visitados pelos peregrinos do Caminho de Santiago de Compostela, pois faz parte de sua rota de peregrinação. Novena: Os Ciganos Veneram Santa Sara, Que Tem Dois Dias , 24 E 26 De Maio, De Comemorações. Nestas datas, ciganos de várias partes do mundo vão até Saintes Maries de Lar Mer, quando levam a imagem dela até o mar numa procissão lindíssima.

Para as ciganas, Santa Sara é a protetora da gravidez. Quando uma delas é ?seca?, como dizem , pedem a Sara Kali a graça de ser mãe e são atendidas.

A novena é simples:

Compre um lindo lenço, bem colorido ou florido, como usam as ciganas, e amarre-o em volta da imagem ou gravura da santa, pedindo por um bebê.
Durante nove meses ? que é o período de uma gestação ? faça todos os dias a oração da santa. Segundo a lenda, a graça poderá ser concedida antes mesmo do fim da novena.

Quando o bebê nascer, o lenço passará a ficar amarrado no berço até a criança completar um ano. Se for uma menina, costuma-se agradecer à santa colocando o nome dela no bebê. Se for menino, nomes como Tiago e Lázaro, discípulos de Cristo que também estavam na barca com Sara Kali, são indicados. Mas também podem ser usados como um segundo nome, como Regina Sara, Paula Sara, etc... ou Pedro Lázaro, Sergio Tiago e por aí afora.

A Oração:

Sara, Sara, Sara, fostes escrava de José de Arimatéia. No mar, fostes abandonada (pedir para que não sejamos abandonados pela sorte, amor, dinheiro, saúde, felicidade...). Teus milagres no mar se sucederam e como santa te tornastes, à beira do mar chegastes e os ciganos te acolheram. Sara, Rainha, Mãe dos ciganos, que te consagram como protetora e mãe vinda das águas. Sara, mãe dos aflitos, a ti imploro proteção para o meu corpo, luz para que meus olhos enxerguem até no escuro, luz para o meu espírito e amor para todos os meus irmãos. Aos pés da Mãe Santíssima, tu, Sara, me colocarás e a todos que me cercam, para que possamos vencer as provações terrenas. Sara, Sara, Sara, não sentirei dores nem tremores. Espíritos perdidos não me encontrarão e, assim como conseguistes o milagre do mar, a todos que me desejarem mal,tu, com as águas me fará vencer (quando a pessoa não está bem e querendo resolver algo muito importante, beber três goles de água). Sara, Sara, Sara, não sentirei dores nem tremores, continuarei caminhando com fé, sem parar. Assim como as caravanas passam, no meu interior tudo passará e a união comigo ficará. E sentirei o perfume das caravanas que passam, deixando o rastro da alegria e da felicidade dos teus ensinamentos. Amai-nos Sara, para que eu possa ajudar a todos que me procurem. Ajudados pelos teus poderes, serei alegre e compreensivo com todos que me cercam.Corre no céu, corre na terra, corre no mundo e ? Sara, Sara, Sara ? estarás sempre à minha frente, sempre atrás, do lado esquerdo, do lado direito.

E assim dizemos que somos protegidos por Sara, que nos ensinará a caminhar e perdoar.

Reze três Ave-Maria, sendo a primeira para Sara, a segunda para os ciganos e a terceira para você.

Os que quiserem colocar um copo de água benta ou filtrada diante da imagem da santa ou oferecer flores, podem crer que serão sempre bem-vindos.

NOTA: quem quiser saber mais sobre Santa Sara Kali e suas orações, poderá ler o livro ?Os Mistérios de Santa Sara




Fonte: Planeta na Web

Magia Cigana I

RECEITA DA CIGANA SARA


Para abrir caminho trazendo Sorte, amor e dinheiro

Material:

21 Moedas,
açúcar,
01 vela comum branca,
03 rosas amarelas sem espinhos.

Como fazer:

Numa reta, jogar as moedas uma a uma e um pouco de açúcar junto, quando chegar na moeda 21ª acender a vela e dizer:

"Cigana Sara eu te peço com a ajuda do povo cigano clareie meus caminhos, abrindo-os para a sorte, no amor, na saúde, na felicidade, na fartura e sucesso."

Colocar as 03 rosas de frente para onde irá caminhar em forma de triângulo, apontando para o lado que você irá caminhar (para frente) e não volte para trás.

Autor: Sandra Piagneri

Horóscopo Cigano

Uma pequena descrição dos signos da tradição cigana:

PUNHAL - 21/03 a 20/04
Pessoas plenas de energia, vitalidade, determinação e coragem. Capazes de superar os mais difíceis obstáculos. São espontâneas e dinâmicas.

COROA - 21/04 a 20/05
Possuem enorme capacidade de amar, são românticas e emotivas. São objetivas e firmes nas suas intenções; gostam de conforto.

CANDEIAS - 21/05 a 20/06
São comunicativas e inquietas. Criam boas coisas. São habilidosas e com rapidez de raciocínio. Não se prendem a nada.

RODA - 21/06 a 20/07
Pessoas extremamente emocionais e intuitivas. Eternos românticos. Tem grande capacidade de observação e boa vontade para ajudar os outros.

ESTRELA - 22/07 a 22/08
Possuem irresistível atração pelo poder. São pessoas determinadas, querem lealdade e sempre tem boa sorte,além de serem generosas e positivas.

SINO 23/08 a 22/09
Pessoas altamente supersticiosas e místicas, apreciam a ordem e gostam de planejar suas atividades. São tímidas e desconfiadas.

MOEDA - 23/09 a 22/10
Pessoas de sensibilidade e e dedicação, força progresso. Corajosas, quase sempre bem sucedidas no amor.

ADAGA - 23/10 a 21/11
Pessoas de coração bom. Possuem temperamento forte, apaixonado e sedutor; crítico e observador. São muitos radicais.

MACHADO - 22/11 a 21/12
Pessoas de personalidade forte, possuem auto disciplina.. Trabalhadoras e dedicadas. Conseguem superar os obstáculos.

FERRADURA - 22/12 a 20/01
Pessoas fortes, lutadoras, benevolentes, comunicativas e otimistas.

TAÇA 21/01 a 19/02
Pessoas que gostam da verdade; idealistas e cordiais. De temperamento variável, pensam num amanhã melhor.

CAPELA – 20/02 a 20/03
Pessoas ligadas ao misticismo; sensíveis e sentimentais. Confiam na vida e em mudanças positivas.

Strellamaris

E-mail: strellamaris_tarot@hotmail.com

strellamaris_astros@hotmail.com

Glossário Cigano

ROMANÊS O IDIOMA DO POVO CIGANO
O Romanês, um idioma muito diferente do português e exclusivo deste povo, é um vocabulário que se originou pela mistura de muitos outros, resultado de suas andanças pelo mundo. É impossível vinculá-lo a um único idioma ou etnia. Conheça algumas palavras e sua tradução:


PEQUENO DICIONÁRIO ROMANÊS
Acans: olhos
Aruvinhar: chorar
Bales: cabelos
Baque: sorte, fortuna, felicidade
Bato: pai
Brichindin: chuva
Cabén: comida
Cabipe: mentira
Cadéns: dinheiro
Calin: cigana
Calon: cigano
Churdar: roubar
Dai (ou Bata): mãe
Dirachin: noite
Duvêl: Deus, Nosso Senhor, Cristo
Estardar: prender
Gadjó: não cigano
Gajão: brasileiro, senhor
Gajin: brasileira, senhora
Jalar: ir embora
Kachardin: triste
Kambulin: amor
Lon: sal
Marrão: pão
Mirinhorôn: viúva
Naçualão: doente
Nazar: flor
Paguicerdar: pagar
Panin: água
Paxivalin: donzela
Querdapanin: português
Quiraz: queijo
Raty: sangue
Remedicinar: casar
Ron: homem
Runin: mulher
Sunacai: ouro
Suvinhar: dormir
Tiráques: sapatos
Trup: corpo
Urai: imperador ou rei
Urdar: vestir
Vázes: dedos ou mão
Xacas: ervas
Xinbire: aguardente
Xôres: barbas

Dança Cigana

Os ciganos adoram dançar. A dança nasce com eles no momento em que abrem os olhos para enfrentar a dura vida de cigano. Desde criança os ciganos ouvem e dançam as seguidillas, a rumba, as alegrias e o flamenco - ritmos e sons tradicionais - produzidos pelas guitarras, violinos, violões, acordeões, címbalos, castanholas, pandeiros, palmas das mãos e batidas dos pés, que aprendem desde cedo com parentes e amigos nas festas da kumpania (acampamento).

Não existem ciganos profissionalizados através da dança cigana e sim aqueles que fazem apresentações apenas para divulgar esse lado tão belo e cheio de magia dessa tradição que a todos fascina.

A dança cigana não é portanto, encarada como um ofício pelos ciganos. Montagens de balé e de óperas (como Carmen, de Bizet) são representadas por profissionais de balé não-ciganos (gadjes). Ciganos não freqüentam academias nem aulas de dança, pois quando dançam, o fazem com a alma, o coração e os movimentos naturais do corpo, sem nenhuma coreografia pré-concebida.

Como diz Niffer Cortez (uma das poucas dançarinas ciganas) "Marcar uma coreografia, para o cigano, é prende-lo; é não dar liberdade para os seus movimentos". Por outro lado, a Bibi Esmeralda (chefe do Grupo Kalemaskê Romae, de Pirituba/SP), é uma Puri (avó) de 65 anos e dança como uma jovem de vinte. Se a colocassem dentro de uma coreografia, com certeza, cortariam grande parte da emoção espontânea e do inestimável encanto que ela nos transmite quando dança com toda a sua desenvoltura, arte e beleza.

A história da dança oriental está intimamente ligada à história dos ciganos. Eles vieram da Índia e emigraram até a Espanha, para a região de Andaluzia. O nome espanhol dos ciganos é "gitano". O idioma dos ciganos é o romanês e contém em sua maioria palavras derivadas do antigo sânscrito (conforme pesquisa de Grellman), que era falado no noroeste da Índia. Mas por todos os países que passavam, assimilavam palavras de idiomas locais, por isso encontramos palavras do turco, grego e armênio. Em cada país eram chamados por outros nomes:

Luri no Beluchistão/ Luli no Iraque / Karaki ou Zangi na Pérsia / Kauli no Afganistão / Cingan ou Tchingan na Sïria e na Turquia / Tsiganos ou Atsincani na Grécia / Roma ou Sinti na América.

Há mais de 600 anos os ciganos emigraram para a Europa, onde se dividiram em vários grupos:

1- um grupo chegou até a Inglaterra, partindo de Bizanz (Istambul), percorrendo a Sérvia e a Itália.

2- outro grupo se dividiu deste no norte da França e foi de Paris até o norte da Espanha

3- outros se espalharam pela Moldávia até a Rússia

4- outros foram para o Egito e de lá para a Andaluzia

Tanto o povo cigano como o andaluz eram um orgulhosos por manter suas tradições. Eram muito individualistas e leais à instituição familiar. Assim nasceu a sociedade do flamenco. Esta palavra "flamenco" designava ciganos, pessoas sem posse de terra, derivado do árabe das palavras "fellahu" e "mengu", que significava "o camponês errante". A sociedade espanhola associava a esta palavra os ciganos, ou o estilo de vida cigana. Tal estilo incluía a arte da música flamenca, a dança e a tourada.

Como os ciganos eram intrusos no país, muitas leis foram feitas contra eles. Entretanto, a inquisição espanhola nunca conseguiu provar nada contra, se tinham uma religião ou não, pois eles eram espertos. A cultura dos ciganos é tida como uma cultura de estranhos e geralmente imagina-se um povo alegre e feliz, mas a música que tocavam entre si era muito trágica, triste e vingativa., pois sua vida real só era manifestada entre eles. Para o mundo de fora, só cantavam músicas alegres, que é o que se esperava realmente. Tinham uma vida difícil e tentavam ganhar dinheiro de todos os modos. Assim, aproveitavam as apresentações de música e de dança por todos os lugares que passavam, levando seus ritmos e músicas que mesclavam-se com os da cultura local. Desta forma, foram trazidos ritmos indianos mesclados com melodias islâmicas para a Andaluzia. Pode-se ouvir a nítida influência árabe na música flamenca, e também na dança, os movimentos de quadril e expressão de fortes sentimentos e emoções, são de natureza árabe.

Os ciganos acreditam que espíritos e entidades os acompanham no dia a dia. Um artista tem que esperar que um ente se aposse dele e inspire-o para que seja capaz de fazer a arte verdadeira. Este sentimento profundo criou o "canto jondo" na Andaluzia, um canto de tristeza profunda, que se contrasta com o "canto flamenco". O estilo de dança flamenca, com seus movimentos característicos de braços e de tronco, tem uma certa similaridade com a dança clássica persa, como também com a dança moderna da Ásia Central, Enquanto que na dança moderna árabe, os movimentos são centrados na região do ventre e os braços se mantém na altura dos ombros. Na dança flamenca e persa, os movimentos são centrados na região do tórax e é usado o máximo de espaço acima da cabeça para executar os graciosos movimentos de braços e mão.

Curiosidades sobre o Povo Cigano

Há uma lenda cigana, passada por gerações e gerações, que diz que o povo cigano foi guiado por um rei no passado e que se instalaram em uma cidade da Índia chamada Sind onde eram muito felizes. Mas em um conflito, os muçulmanos os expulsaram , destruindo toda a cidade. Desde então foram obrigados a vagar de uma nação a outra...

Outras informações sobre as origens dos ciganos foram obtidas através de estudos lingüísticos feitos a partir do século passado. A comparação entre os vários dialetos que constituem a língua cigana, chamada romaní ou romanês, e algumas línguas indianas, como o sânscrito, o prácrito, o maharate e o punjabi, permitiu que se estabelecesse com certeza a origem indiana dos ciganos.

A razão pela qual abandonaram as terras nativas da Índia permanece ainda envolvida em mistério. Parece que eram originariamente sedentários e que devido ao surgimento de situações adversas, tiveram que viver como nômades. Segundo outra lenda, narrada pelo poeta persa Firdausi no século V d.C., um rei persa mandou vir da Índia dez mil Luros, nome atribuído aos ciganos, para entreter o seu povo com música.

É provável que a corrente migratória tenha passado na Pérsia, mas em data mais recente, entre os séculos IX e X. Vários grupos penetraram no Ocidente, seja pelo Egito, seja pela via dos peregrinos, isto é, Creta e o Peloponeso. O caráter misterioso dos ciganos deixou uma profunda impressão na sociedade medieval.

Mas a curiosidade se transformou em hostilidade, devido aos hábitos de vida muito diferentes daqueles que tinham as populações sedentárias.

A presença de bandos de ex-militares e de mendigos entre os ciganos contribuiu para piorar sua imagem. Além disso, as possibilidades de assentamento eram escassas, pois a única possibilidade de sobrevivência consistia em viver às margens das sociedades. Os preconceitos já existentes eram reforçados pelo convencimento difundido na Europa que a pele escura fosse sinal de inferioridade e de malvadeza.

Os ciganos eram facilmente identificados com os Turcos porque indiretamente e em parte eram provenientes das terras dos infiéis, assim eram considerados inimigos da igreja, a qual, condenava as práticas ligadas ao sobrenatural, como a cartomancia e a leitura das mãos que os ciganos costumavam exercer. A falta de uma ligação histórica precisa a uma pátria definida ou a uma origem segura não permitia o reconhecimento como grupo étnico bem individualizado, ainda que por longo tempo haviam sido qualificados como Egípcios.

A oposição aos ciganos se delineou também nas corporações, que tendiam a excluir concorrentes no artesanato, sobretudo no âmbito do trabalho com metais. O clima de suspeitas e preconceitos se percebe na criação de lendas e provérbios tendendo a por os ciganos sob mau conceito, a ponto de recorrer-se à Bíblia para considerá-los descendentes de Caim, e portanto, malditos (Gênesis 9:25).

Difundiu-se também a lenda de que eles teriam fabricado os pregos que serviram para crucificar Cristo (ou, segundo outra versão, que eles teriam roubado o quarto prego, tornando assim mais dolorosa a crucificação do Senhor).

Dos preconceitos á discriminação, até chegar as perseguições. Na Sérvia e na Romênia foram mantidos em estado de escravidão por um certo tempo; a caça ao cigano aconteceu com muita crueldade e com bárbaros tratamentos. Deportações, torturas e matanças foram praticadas em vários Estados, especialmente com a consolidação dos Estados nacionais.

Sob o nazismo os ciganos tiveram um tratamento igual ao dos judeus: muitos deles foram enviados aos campos de concentração, onde foram submetidos a experiências de esterilização, usados como cobaias humanas. Calcula-se que meio milhão de ciganos tenha sido eliminado durante o regime nazista.

Atualmente, os ciganos estão presentes em todos os países europeus, nas regiões asiáticas por eles atravessadas, nos países do oriente médio e do norte da África. Na Índia existem grupos que conservam os traços exteriores das populações ciganas: trata-se dos Lambadi ou Banjara, populações semi-nômades que os "ciganólogos" definem como "Ciganos que permaneceram na pátria".

Nas Américas e na Austrália eles chegaram acompanhando deportados e colonos; sucessivamente estabeleceram fluxos migratórios para aquelas regiões. Recentes estimativas sobre a consistência da população cigana indicam uma cifra ao redor de 12 milhões de indivíduos.

Deve-se salientar que estes dados são aproximados, pois na ausência de censos, esses se baseiam em fontes de informação nem sempre corretas e confirmadas. Na Itália inicialmente o grupo dos Sintos representava uma grande maioria, sobretudo no Norte; mas nos últimos trinta anos esse grupo foi progressivamente alcançado e às vezes suplantado pelo grupo dos Rom provenientes da vizinha antiga Iugoslávia e, em quantidades menores, de outros países do leste europeu.
Na Itália meridional já estava presente há muito tempo o grupo dos Rom Abruzzesi, vindos talvez por mar desde os Balcãs.

A família é sagrada para os ciganos. Os filhos normalmente representam uma forte fonte de subsistência. As mulheres através da prática de esmolar e da leitura de mãos. Os homens, atingida uma certa idade, são freqüentemente iniciados em outras atividades como acompanhar o pai às feiras para ajudá-lo na venda de produtos artesanais.

A Família

Além do núcleo familiar, a família extensa, que compreende os parentes com os quais sempre são mantidas relações de convivência no mesmo grupo, comunhão de interesses e de negócios, possuem freqüentes contatos, mesmo se as famílias vivem em lugares diferentes.

Um exemplo de classificação da sociedade cigana (tirado em parte do livro Mutation Tsigane, de J.P.Liégeois)::

grupo > subgrupo> nátsija (nacionalidade) > vítsa (descendência, leva o nome do chefe da estirpe) > família > indivíduo

ROM
Kalderásha
Serbijája (Sérvios)
Minéshti
Demítro
x, y, ...........
Márcovitch
x, y, ...........
outros
x, y, ...........
Papinéshti
Jonéshti
Frunkaléshti
outros
Moldovája (Moldávios)
Demóni
Jonikóni
Poróni
outros
Grekúrja (Gregos)
Bedóni
Kiriléshti
Shandoróni
outros
Vúngrika (Húngaros)
Jonéshti
outros
Xoraxája ou Xoraxané ou Horahanê (Turcos)
outros
Lovára
Churára
Machwáya
Boyásha (Ciganos de Circo)
outros

SINTI (ou MANUSH)
Gáchkane (Alemães) etc.
Estrekárja (Austríacos) etc.
Valshtiké (Franceses)
Piemontákeri (Piemonteses)
Lombardos
Marquigianos
outros

KALÉ (ou GITANOS ou CIGANOS)
Catalães etc.
Andaluzes
Portugueses

Nota:

Enquanto que entre os Rom a classificação em "subgrupos" acontece com base em identificação de tipo ergonímico (denominação que traz origem na profissão tradicionalmente exercida), entre os Sintos e os Kalé os subgrupos são geralmente designados segundo um conceito de natureza toponímica (referindo-se a lugares de assentamento histórico).

Diferentemente dos Rom, estes não conhecem outras classificações de "nátsija" e de "vítsa". Pode-se porém afirmar que o subgrupo entre os Sintos e os Kalé na realidade corresponda à "nátsja" dos Rom.

Com base nisso, o esquema de classificação social desses dois grupos pode ser configurado do seguinte modo:

grupo > subgrupo (= nátsija)> família > indivíduo

Além da família extensa, há entre os rom um conjunto de várias famílias( não necessariamente unidas entre si por laços de parentesco) mas todas pertencentes ao mesmo grupo e ao mesmo subgrupo.

O nômade é por sua própria natureza individualista e mal suporta a presença de um chefe: se tal figura não existe entre Sintos e Rom, deve-se reconhecer o respeito existente com os mais velhos, aos quais sempre recorrem. Entre os Rom a máxima autoridade judiciária é constituída pelo krisnítori, isto é, por aquele que preside a kris.

A kris é um verdadeiro tribunal cigano, constituído pelos membros mais velhos do grupo e se reúne em casos especiais, quando se deve resolver problemas delicados como controvérsias matrimoniais ou ações cometidas com danos para membros do mesmo grupo. Na kris podem participar também as mulheres, que são admitidas para falar, e a decisão unilateral cabe aos membros anciães designados, presididos pelo krisnítori, que após haver escutado as partes litigantes, decidem, depois de uma consulta, a punição que o que estiver errado deverá sofrer.

Recentemente, a controvérsia se resolve ,em geral, com o pagamento de uma soma proporcional ao tamanho da culpa, que pode chegar a vários milhares de dólares; no passado, se a culpa era particularmente grave, a punição podia consistir no afastamento do grupo ou, às vezes, em penas corporais.

Diáspora Cigana

Há cerca de mil anos, um grupo de famílias saiu da Índia em direção ao Oeste. A essa decisão – tomada em local incerto e por motivos ignorados – devemos a sobrevivência da língua romani, a alegria inigualável das orquestras ciganas presentes através dos séculos, tanto nos palácios como nas praças, as rapsódias húngaras de Franz Lizt, o flamenco espanhol, os versos do Romancero Gitano, de Frederico Garcia Lorca, a crença nos milagres de Santa Sara, a peregrinação a Saintes-Marie-de-la Mer, na França, o aparecimento dos violinistas de restaurante indicando o momento do beijo nos filmes de Hollywood da década de 50, o conhecimento de nosso destino pela leitura das linhas das mãos.

Devemos também à diáspora dos ciganos a criação de inúmeras heroínas literárias, desde ciganas legítimas – como Esmeralda amada por Quasímodo, o corcunda de Notre Dame, a Gitanilla de Miguel de Cervantes Saavedra e a Carmem de Georges Bizet – até Capitu, que apesar de brasileira tinha olhos não apenas de ressaca, mas "de cigana oblíqua de dissimulada".

Devemos aos ciganos, enfim, a interminável intriga romântica dos 155 capítulos da novela "Explode Coração", exibida pela Rede Globo, e o remorso por termos deixado que fossem exterminados em massa durante o genocídio nazista.

Nós, os "gadje" - como eles nos chamam -, tivemos pelos ciganos, nos seus mil anos de diáspora, uma atitude pendular entre o fascínio e a desconfiança. Admiramos seu estilo de vida sem âncoras nem raízes, domando ursos, negociando cavalos, trabalhando o cobre, fazendo música.

Por outro lado, os acusamos de todos os males infamantes, da feitiçaria ao canibalismo, de rogar pragas a roubar crianças. Na verdade, as crianças roubadas foram as suas. Um exemplo entre muitos: o trem que chegou a Buchenwald em 10 de outubro de 1944 trazia 800 crianças ciganas. Foram todas assassinadas nas câmaras de gás do crematório cinco.

Durante muito tempo, não acreditávamos que os ciganos tivessem sequer uma língua. Os sons que pronunciavam aos ouvidos ocidentais como algaravia, simples código para melhor enganar os "gadje". Também não sabíamos por que eram chamados ciganos ou gitanos.

A palavra cigana teria sua origem nos "atzigani", seita herética do Oriente médio, praticante da quiromancia, enquanto gitano, corruptela de egiptano (gitane, em francês, gypcie, em inglês) seria uma lembrança da passagem dos ciganos pelo Egito de nossos, não o Egito de nossos Atlas modernos, mas o chamado "pequeno Egito", ocupando o lugar da Grécia. A explicação mais usual é que seriam sobreviventes da Atlântida.

Foi preciso esperar o século XIX para que surgisse a luz. Estudos sobre as origens da língua cigana – o romani – tornaram-se verdadeira ciência graças aos trabalhos do alemão Pott, do grego Paspati, do austríaco Micklosicyh, do italiano Ascoli. Comprovaram eles que o romani pertence à família indo-européia.

Pelo vocabulário e pela gramática está ligado ao sânscrito (como o português ao latim). Fazendo parte do grupo de línguas neo-indianas, é estritamente aparentando a línguas vivas, tais como o hindi, o goujrathi, o marata e o cachemiri.

Identificando as palavras que foram incorporando-se ao idioma original e seguindo as indicações dos antropólogos, dos historiadores, das tradições orais e até dos grupos sangüíneos foi possível estabelecer com certeza a origem dos ciganos no norte da Índia.

Vieram eles do Estado atual de Délhi ou de seus arredores, muito possivelmente do Rajastão. De lá seguiram até a Pérsia, onde seu caminho se separou em tridente, uma ponta descendo para o Egito, a segunda morrendo na Armênia, a terceira avançando pela Turquia e pela Grécia, de onde os ciganos espalharam-se por toda a Europa e, atravessando o mar, pelo continente americano. No Brasil, os primeiros grupos chegaram no século XVII, ao Maranhão.

Por onde passavam, os ciganos deixavam sua marca na música e na dança. Puristas afirmam que não existem músicas e danças essencialmente ciganas, mas apenas influências, o que gera controvérsias nas classificações. Mas esse é um assunto para especialistas.

O certo é que o cigano não apenas assimilava a música dos países nos quais vivia, mas a mantinha viva, era capaz de enriquecê-la e recicla-la a sua maneira, transportando-a além das fronteiras.

Sua música encantava igualmente o povo e a aristocracia, um dos motivos pelos quais os primeiros grupos que surgiram na Europa, por volta do século XIV, foram bem recebidos.

Cedo, no entanto, surgiu o preconceito com suas conseqüências. Primeiro, a exclusão dos ritos sociais: a Igreja não enterrava ciganos em campos consagrados nem batizava seus filhos. Depois, o arsenal completo da perseguição: ferro em brasa, forca, decapitação, suplício da roda, deportação em massa.

No tempo do nazismo, os ciganos sofreram a mesma sorte dos judeus e dos homossexuais, assassinados lado a lado nos campos de concentração de Ravensbrück, Dachau, Buchenwald, Auschwitz e Birkenau. Não se sabe bem por qual razão, os nazistas permitiram que conservassem seus instrumentos musicais. A música serviu-lhes de último consolo.

Um sobrevivente não cigano relembra uma passagem do ano de 1939 em Buchenwald: "De repente, o som de um violino cigano surgiu de uma das barracas, ao longe, como que vindo de uma época e de uma atmosfera mais feliz... Árias da estepe húngara, melodias de Viena e de Budapeste, canções de minha terra".

Música Cigana

Foi na Europa central e oriental que a música cigana (vocal e instrumental) teve – e continua a ter – seu público mais fiel e apaixonado. Os elementos musicais turco-árabes, recolhidos pelos músicos ciganos nas cores dos paxás e dos beis, floresceram na Hungria com a incorporação dos instrumentos, da técnica, da orquestração e da harmonização europeus.

Desde o século XVII, os senhores magiares mantinham orquestras ciganas.

Dois nomes ficaram na história: o do cimbalista Simon Banyak, protegido da imperatriz Maria Teresa, e Janos Bihari, autor de "Kronunhs", música para o coração da imperatriz Maria Luisa da Hungria, em 1808.

Assim como na Hungria e na Transilvânia, os ciganos eram numerosos na Moldávia, na Valáquia e nos países que viviam a formar a Iugoslávia. Grupos de cantores ciganos foram introduzidos na Rússia pelo conde Aléxis da Moldávia, sob o reinado de Catarina, a Grande, e fizeram enorme sucesso nos anos que se seguiram à guerra de 1812 contra Napoleão.

A música cigana espanhola, conhecida desde os tempos de Cervantes, ganhou popularidade universal com o canto jondo.

Vários compositores europeus foram intensamente influenciados pelos ciganos. Além de Liszt, o mais conhecido, também Haydn, Schubert, Beethoven e Brahms.

Dança Cigana

Danças ciganas sempre foram atração especial nas cortes européias, a começar pela francesa. Desde o tempo de Henrique IV apresentavam-se dançarinos ciganos no castelo de Fontainebleau e na residência da marquesa de Sévigné. Moliére, em O Casamento Forçado, introduz no palco um grupo de ciganos e ciganos dançando ao som de pandeiros. Numa das apresentações, o próprio Luís XIV dançou vestido de cigano.

Na Turquia, a dança era uma das profissões ciganas mais características. O cortejo das tropas de Constantinopla que desfilou para sultão Mourad IV, no século XVII, tinha, após a seção dos músicos, uma seção de dançarinos, entre os quais numerosos ciganos.

Em Portugal, a Farsa das Ciganas, de Gil Vicente, apresentada em 1521, mostrava quatro mulheres ciganas que cantavam e dançavam.

Foi na Espanha, entretanto e, sobretudo nas terras do sul, no antigo reinado de Granada, que a dança cigana floresceu em seu terreno mais fértil. De seu encontro com a arte árabe nasceria o inigualável flamenco da Andaluzia.

A Língua dos Ciganos

A língua cigana (o romani) é uma língua da família indo-européia. Pelo vocabulário e pela gramática, está ligada ao sânscrito. Fazendo parte do grupo de línguas neo-indianas, é estreitamente aparentada a línguas vivas tais como o hindi, o goujrathi, o marathe, o cachemiri. No entanto, eles assimilariam muitos vocábulos das línguas dos países por onde passaram.

Religião dos Ciganos

Os ciganos, ao deixarem a Índia, não carregaram suas divindades. Eles possuíam na sua língua apenas uma palavra para designar Deus (Del, Devel). Eles se adaptaram facilmente às religiões dos países onde permaneceram. No mundo bizantino, tornaram-se cristãos. Já no início do século XIV, em Creta, praticavam o rito grego.

Nos países conquistados pelos turcos, muitos ciganos permaneceram cristãos enquanto que outros renderam-se ao Islã. Desde suas primeiras migrações em direção ao Oeste eles diziam ser cristãos e se conduziam como peregrinos.

A peregrinação mais citada em nossos dias, quando nos referimos aos ciganos, é a de Saintes-Maries-de-la-Mer, na região da Camargue (sul da França). Antigamente era chamada de Notres-Dames-de-la-Mer. Mas não foi provado que, sob o Antigo Regime, os ciganos tenham tomado parte na grande peregrinação cristã de 24 e 25 de maio, tão popular desde a descoberta no tempo do rei René, das relíquias de Santa Maria Jacobé e de Santa Maria Salomé, que surgiram milagrosamente em uma praia vizinha. Nem que já venerassem a serva das santas Marias, Santa Sara a Egípcia, que eles anexarão mais tarde como sua compatriota e padroeira.

A origem do culto de Santa Sara permanece um mistério e foi provavelmente na primeira metade do século XIX que os Boêmios criaram o hábito da grande peregrinação anual a Camargue.

(Fonte: Livro Mille ans d'histoire des Tsiganes, autor: François de Vaux de Foletier).
Texto cedido por Ruth Escobar. 8º Festival de Artes Cênicas de São Paulo



Vários ditados ciganos em Romanês fazem alusão à benção de gerar filhos:

• "E JULI QUE NAILA CHAVÊ THI SPORIL E VITZA"
( A mulher que não tem filho passa pela vida e não vive);

• "MAI FALIL EK CHAU ANO DY, DIKÊ EK GUNÔ PERDO GALBENTÇA"
( Mais vale um filho no ventre do que um baú cheio de moedas de ouro);

• "NAI LOVÊ ANÊ LUMIA THIE POTINÁS EK CHAU"
( Não existe dinheiro no mundo que pague um filho).

Dentro da comunidade cigana, o casal em que um dos dois seja impossibilitado de ter filhos, embora amando-se, a comunidade faz com que se separem, porque o amor que se têm pela perpetuação da raça supera ou abafa qualquer outro sentimento.

A família, para o povo cigano, é o seu maior patrimônio.

Culinária Cigana

Na culinária cigana são indispensáveis: o cravo, a canela, o louro, o manjericão, o gengibre, os frutos do mar, as frutas cítricas e as frutas secas, o vinho, o mel, as maçãs, as pêras, os damascos, as ameixas e as uvas que fazem parte inclusive dos segredos de uma cozinha deveras afrodisíaca.

Pratos Tradicionais

Armiana: Salada de alface (em rodelas) com champignon; queijo de cabra, cenoura, beterraba (em pedaços) e beringela frita (em tiras). Enfeitas com uvas-passas, raminhos de hortelã e pétalas de flores.

Assados: Pernil de carneiro (Bakró); Pernil de leitão (Baló); Cabrito frito com arroz e brócolis (ou lentilha ou nozes); e/ou roletes de carne bovina ou frango com pedaços de cebola, pimentão (verde e amarelo) e tomate.

Brynza: Queijo de cabra (cru ou frito).

Chivuiza: Destilado à base de trigo (espécie de aguardente).

Civiaco: Torta salgada ou doce.

Manouche: feijões vermelhos grandes, pedaços de carne e de ossos de pernil de porco, alhos-porós em pedaços, salsão com as folhas em pedaços, alhos comuns inteiros com casca, cenouras e batatas cortadas em pedaços grandes, sal e pimenta-do-reino (moída na hora) à gosto; arroz branco que deve ser incorporado na última etapa do cozimento.

Goulash: Cozido de rroz, batata, pedaços de carne bovina e páprica ardida.

Malay: Pão de milho.

Manrô/Lolako: Pão redondo de Farinha de Trigo.

Mamalyga: Polenta.

Naut: Grão de Bico com lingüiça.

Paprikach: Costela defumada (bovina ou suína) e bacon ao molho vermelho de tomate e pimentão com batatas pequenas, cozidas (na casca) e páprica doce.

Papuchá: Pirão de Milho.

Sifrite: Ponche de Frutas com Champagne, Vinho e/ou refrigerante. Enfeitar com pétalas de rosa

Sarmá: Arroz com lentilha, carne seca desfiada e nozes.

Sarmy/Salmava: Charutos ou Rolinhos feitos em folhas de repolho recheados com lombo ou carna bovina moída, azeitonas, bacon e molho dourado; e/ou em folha de uva com recheio de bacalhau.

Tchaio/Kavi: Chá Cigano feito com Chá Preto ou Mate com pedaços de frutas (maçã: felicidade; uva fresca: prosperidade; uva passa ou ameixa: progresso; morango: amor; damasco: sensualidade; pêssego: equilíbrio pessoal; limão: energia positiva e purificação da alma). Fazer o chá em água fervente e deixar amornar. Colocar as frutas maceradas, misturar bem, coar e beber.

Varensky: Pastel cozido podendo ser doce (recheado com uva) ou salgado (recheado com batata ou queijo de cabra).

Vino: Vinho tinto.

Chá Cigano

INGREDIENTES:

1 litro de Água

3 cravos-da-Índia

4 saquinhos de Chá Preto

3 pedaços de canela em pau

1 rodela de limão

1 fatia de maçã

1 morango

1 uva

1 damasco

MODO DE FAZER:

Ferva a Água, colocando os saquinhos de Chá Preto, o cravo-da-Índia e a canela. Após ferver, apague o fogo e coloque os outros ingredientes. Adoce a gosto e sirva.

Poção Cigana para Fortalecer os Pulmões

INGREDIENTES:

1 garrafa de vinho branco seco

Erva de passarinho

Assapeixe

5 folhas de saião

1 ovo de pata

1 pedaço de marmelada

MODO DE FAZER:

Coloque tudo dentro da garrafa e deixe por 3 dias em lugar fresco e escuro. Tomar um cálice antes das refeições.

Poção Cigana para Potência Sexual

INGREDIENTES:

1 garrafa de vinho branco seco

Cravos-da-Índia

Um pedaço de Gengibre

Canela em Pau

1 ovo de pata

1 pedaço de marmela

MODO DE FAZER:

Coloque tudo dentro da garrafa e deixe 3 dias em lugar fresco e escuro. Tomar 1 cálice por 3 vezes ao dia.

Costumes Ciganos

Os ciganos não representam um povo compacto e homogêneo, mesmo pertencendo a uma única etnia, existe a hipótese de que a migração desde a Índia tenha sido fracionada no tempo, e que desde a origem fossem divididos em grupos e subgrupos, falando dialetos diferentes.

As diferenças no tipo de vida, a forte vocação ao nomadismo de alguns, contra a tendência à sedentarização de outros gera uma série de contrastes que não se limitam a uma simples incapacidade de conviver pacificamente.

Em linhas gerais, os Sintos são menos conservadores e tendem a esquecer com maior rapidez a cultura dos pais. Talvez este fato não seja recente, mas de qualquer modo é atribuído às condições socioculturais nas quais por longo tempo viveram.

Quanto aos Rom de imigração mais recente, se nota ao invés uma maior tendência à conservação das tradições, da língua e dos costumes próprios dos diversos subgrupos. Sua origem desde países essencialmente agrícolas e ainda industrialmente atrasados (leste europeu) favoreceu certamente a conservação de modos de vida mais consoantes à sua origem.

Não é possível, também em razão da variedade constituída pela presença conjunta de vários grupos, fornecer uma explicação detalhada das diversas tradições. Alguns aspectos principais, ligados aos momentos mais importantes da existência, merecem ser descritos, ao menos em linhas gerais.

Antigamente era muito respeitado o período da gravidez e o tempo sucessivo ao nascimento do herdeiro; havia o conceito da impureza coligada ao nascimento, com várias proibições para a parturiente. Hoje a situação não é mais tão rígida; o aleitamento dura muito tempo, às vezes se prolongando por alguns anos.

No casamento tende-se a escolher o cônjuge dentro do próprio grupo ou subgrupo, com notáveis vantagens econômicas. Um cigano pode casar-se com uma gadjí, isto é, uma mulher não cigana, a qual deverá porém submeter-se às regras e às tradições ciganas.

A importância do dote é fundamental especialmente para os Rom; no grupo dos Sintos se tende a realizar o casamento através da fuga e conseqüente regularização. Aos filhos é dada uma grande liberdade, mesmo porque logo deverão contribuir com o sustento da família e com o cuidado dos menores.

No que se refere à morte, o luto pelo desaparecimento de um companheiro dura em geral muito tempo. Junto aos Sintos parece prevalecer o costume de queimar-se a kampína (o trailer) e os objetos pertencentes ao defunto.

Entre os ritos fúnebres praticados pelos Rom está a pomána, banquete fúnebre no qual se celebra o aniversário da morte de uma pessoa. A abundância do alimento e das bebidas exprimem o desejo de paz e felicidade para o defunto.

Nascimento

Uma criança sempre é bem vinda entre os ciganos. É claro que sua preferência é para os filhos homens, para dar continuidade ao nome da família. A mulher cigana é considerada impura durante os quarenta dias de resguardo após o parto.

Logo que uma criança nasce, uma pessoa mais velha, ou da família, prepara um pão feito em casa, semelhante a uma hóstia e um vinho para oferecer ás três fadas do destino, que visitarão a criança no terceiro dia, para designar sua sorte. Esse pão e vinho será repartido no dia seguinte com todos as pessoas presentes, principalmente com as crianças.

Da mesma forma e com a finalidade de espantar os maus espíritos, a criança recebe um patuá assinalado com uma cruz bordada ou desenhada contendo incenso. O batismo pode ser feito por qualquer pessoa do grupo e consiste em dar o nome e benzer a criança com água, sal e um galho verde. O batismo na igreja não é obrigatório, embora a maioria opte pelo batismo católico.

Casamento

Desde pequenas, as meninas ciganas costumam ser prometidas em casamento. Os acertos normalmente são feitos pelos pais dos noivos, que decidem unir suas famílias.

O casamento é uma das tradições mais preservadas entre os ciganos, representa a continuidade da raça, por isso o casamento com os não ciganos não é permitido em hipótese alguma. Quando isso acontece a pessoa é excluída do grupo.

É pelo casamento que os ciganos entram no mundo dos adultos. Os noivos não podem Ter nenhum tipo de intimidade antes do casamento. Quando o casamento acontece, durante três dias e três noites, os noivos ficam separados dando atenção aos convidados, somente na terceira noite é que podem ficar pela primeira vez a sós.

Mesmo assim, a grande maioria dos ciganos no Brasil, ainda exigem a virgindade da noiva. A noiva deve comprovar a virgindade através da mancha de sangue do lençol que é mostrada a todos no dia seguinte. Caso a noiva não seja virgem, ela pode ser devolvida para os pais e esses terão que pagar uma indenização para os pais do noivo.

No caso da noiva ser virgem, na manhã seguinte do casamento ela se veste com uma roupa tradicional colorida e um lenço na cabeça, simbolizando que é uma mulher casada. Durante a festa de casamento, os convidados homens, sentam ao redor de uma mesa no chão e com um pão grande sem miolo, recebem dos os presentes dos noivos em dinheiro ou em ouro.

Estes são colocados dentro do pão ao mesmo tempo em que os noivos são abençoados. Em troca recebem lenços e flores artificiais para a mulheres. Geralmente a noiva é paga aos pais em moedas de ouro, a quantidade é definida pelo pai da noiva.

Música e Dança

Quando os ciganos deixaram o Egito e a Índia, eles passaram pela Pérsia, Turquia, Armênia, chegando até a Grécia, onde permaneceram por vários séculos antes de se espalharem pelo resto da Europa.

A influência trazida do oriente é muito forte na música e na dança cigana. A música e a dança cigana possuem influência hindu, húngaro, russo, árabe e espanhol. Mas a maior influência na música e na dança cigana dos últimos séculos é sem dúvida espanhola, refletida no ritmo dos ciganos espanhóis que criaram um novo estilo baseado no flamenco.

Alguns grupos de ciganos no Brasil conservam a tradicional música e dança cigana húngara, um reflexo da música do leste europeu com toda influência do violino, que é o mais tradicional símbolo da música cigana. Liszt e Beethoven buscaram na música cigana inspiração para muitas de suas obras.

Tanto a música como a dança cigana sempre exerceram fascínio sobre grandes compositores, pintores e cineastas. Há exemplos na literatura, na poesia e na música de Bizet, Manuel de Falla e Carlos Saura que mostram nas suas obras muito do mistério que envolve a arte, a cultura e a trajetória desse povo.

No Brasil, a música mais tocada e dançada pelos ciganos é a música Kaldarash, própria para dançar com acompanhamento de ritmo das mãos e dos pés e sons emitidos sem significação para efeito de acompanhamento. Essa música é repetida várias vezes enquanto as moças ciganas dançam.

Morte



Os ciganos acreditam na vida após a morte e seguem todos os rituais para aliviar a dor de seus antepassados que partiram. Costumam colocar no caixão da pessoa morta uma moeda para que ela possa pagar o canoeiro a travessia do grande rio que separa a vida da morte.

Antigamente costumava-se enterrar as pessoas com bens de maior valor, mas devido ao grande número de violação de túmulos este costume teve que ser mudado. Os ciganos não encomendam missa para seus entes queridos, mas oferecem uma cerimônia com água, flores, frutas e suas comidas prediletas, onde esperam que a alma da pessoa falecida compartilhe a cerimônia e se liberte gradativamente das coisas da Terra.

As cerimônias fúnebres são chamadas "Pomana" e são feitas periodicamente até completar um ano de morte. Os ciganos costumam fazer oferendas aos seus antepassados também nos túmulos.
Fonte: www.guardioesdaluz.com.br

A Origem do Povo Cigano

Quando se estuda a origem de um povo, sua formação e desenvolvimento como estrutura social, religiosa, econômica, este estudo se baseia fundamentalmente em documentos ou registros escritos, que ao lado de outros elementos como ruínas da arquitetura da época, pinturas, armas, túmulos, recintos que sugerem ter sido usados como sacros, objetos os mais diversos, especialmente de uso doméstico, recompõem toda a narrativa histórica de um conjunto de indivíduos que habitam a mesma região, ficando subordinados às mesmas leis e partilhando dos mesmos hábitos e costumes. A mais importante fonte de referência, é a narrativa escrita, encontrada em papéis (pergaminhos, papiros, folhas de papel de arroz), documentos, livros, poemas, mapas, inscrições em lugares santos, ou outros locais de devoção considerados sagrados, onde são encontradas marcas de rituais e altares de oferendas aos deuses.

Como o Povo Cigano, não tem até os dias atuais, uma linguagem escrita, fica quase impossível definir sua verdadeira origem. Portanto, tudo o que se disser sobre a origem do Povo Cigano, será baseado em conjecturas, similaridades ou suposições.

A hipótese mais aceita é que o Povo Cigano teve seu berço na civilização da Índia antiga, num tempo que também se supõe, como muito antigo, talvez dois ou três milênios antes de Cristo. Compara-se o sânscrito, que era escrito e falado na Índia (um dos mais antigos idiomas do mundo), com o idioma falado pelos ciganos e encontraram um sem-número de palavras com o mesmo significado.

Outros pontos também colaboram para que esta hipótese seja reforçada, como a tez morena comum aos hindus e ciganos, o gosto por roupas vistosas e coloridas, e princípios religiosos como a crença na reencarnação e na existência de um Deus Pai e Absoluto.

Tanto para os hindus como para os ciganos, a religiosidade é muito forte e norteia muito de seu comportamento, impondo normas e fundamentos importantes, que devem ser respeitados e obedecidos.

Outro fato que chama a atenção para a provável origem indiana do povo cigano, é a santa por quem nutrem o mais devotado amor e respeito, chamada Santa Sara Kali.

Kali é venerada pelo povo hindu como uma deusa, que consideram como a Mãe Universal, a Alma Mater, a Sombra da Morte. Sua pele é negra tal como Shiva, uma das pessoas da Trindade Divina para os indianos (Braman, Vishu e Shiva).

Para os ciganos, Sara, santa venerada, possui a pele negra, daí ser conhecida como Sara Kali, a negra. Ela distribui bênçãos ao povo, patrocina a família, os acampamentos, os alimentos e também tem força destruidora, aniquilando os poderes negativos e os malefícios que possam assolar a nação cigana.

Alguns estudiosos acham a tradução de Kali como a negra não correta, escrevendo inclusive Kali com C (Cali) e não com K e preferem Sara, a cigana, fato que de certa forma pode expressar o preconceito racial (a verdadeira Santa Sara, tinha a pele negra), uma vez que no povo cigano não há negros, ou sob outro ângulo, desconhecimento de todo o aparato místico e de poder que envolve a deusa Kali dos indianos.

MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS E O NOMADISMO CIGANO

Ainda estudando a história dos povos, vemos com freqüência que, perseguições religiosas, ambições dos mais diversos tipos e baseadas em diferentes razões (ideo-políticas, catequético-religiosas), busca de fortuna, da descoberta de novas terras ou rotas marítimas, ou simplesmente espírito de aventura, motivaram e ainda motivam movimentos migratórios.

Baseando-se nas mesmas causas dos movimentos migratórios, podemos supor que num passado muito remoto, o povo cigano também iniciou uma caminhada em busca de novas terras onde pudessem viver com liberdade, mantendo seus hábitos e costumes originais, liberdade que lhe permitiria sua perpetuação, a sobrevivência de seus valores e a de seus direitos como seres humanos livres.

O nômade experimenta o mais amplo sentido de liberdade. Não tem apego a nenhum lugar em especial, não deita raízes que não possam ser arrancadas quando o desejo de ganhar estrada acontecer. Daí que suas moradias, as tendas de tecidos permeáveis e resistentes, e seus pertences em geral, devem ser confortáveis, mas essenciais e leves. O nômade não se preocupa com o possuir, mas com o viver.

As populações ciganas são nômades por excelência, não têm pátria, são universais. Viajam em grupos de famílias, que possuem um profundo sentido de união, solidariedade e companheirismo. Formam núcleos comunitários compactos com normas e regras de convivência harmoniosas. Essas regras são levadas a sério, portanto respeitadas ao máximo, pois os ciganos sabem que são elas que garantem a união e a sobrevivência do próprio grupo e a defesa contra as difamações e perseguições oriundas das populações dos diversos países por onde passam.

OS PRECONCEITOS

Por outro lado, os ciganos também não se esforçam por quebrar as barreiras, que os separam dos demais povos, talvez por saberem que se abrirem os limites de seus acampamentos aos gadjôs ou não-ciganos, também chamados de gadjês, a mescla dos povos será inevitável, as tradições perderão sua pureza, os costumes e hábitos serão modificados, os princípios e valores de tal maneira modificados, que paulatinamente acabariam por destruir e matar o povo cigano.

Existe uma idéia geral de que as populações do mundo têm preconceitos contra os ciganos; porém, se observarmos com atenção, veremos que é só eles que têm preconceitos, que não querem se misturar, desaconselhando e combatendo severamente os relacionamentos entre ciganos e não-ciganos, especialmente as uniões pelo casamento.

O IDIOMA

Uma das maneiras de os ciganos se manterem unidos, vivos, com suas tradições preservadas é o idioma universalmente falado por eles, o romani ou rumanez, que é uma linguagem própria e exclusiva.

É expressamente proibido ensinar o romani para os não-ciganos; e os ciganos fieis às tradições, que prezam sua origem, seus irmãos de raça, que são verdadeiros ciganos, sabem disto. Portanto, quando alguém que se diz cigano quiser ensinar o romani, geralmente às custas de dinheiro, ou então passar segredos e as íntimas particularidades da vida cigana é bom ter cuidado, pois com certeza, ele ou ela não é um autêntico cigano, obediente aos preceitos e princípios de seu povo. Ele poderá ser até cigano de origem, mas não será mais um cigano de alma e coração capaz de manter a honradez de seus antepassados e contemporâneos autênticos.

Dicionário Cigano? Pode ser que um dia estas pessoas de vida tão reservada quanto às suas peculiaridades desistam desse estilo de ser e estar, abram as fronteiras de seus acampamentos e aceitem sem reservas a miscigenação. Então surgirão dicionários ciganos. Contudo, será que ainda existirão ciganos?

A TRANSMISSÃO ORAL DOS ENSINAMENTOS

O romani é uma língua ágrafa, ou seja, uma língua ou idioma sem forma escrita. Portanto, para sua perpetuação o romani conta somente com a transmissão oral de uma geração para outra, de pai para filho.

Não existem livros ensinando uma linguagem, que não tem sequer uma apresentação gráfica definida, pois se os ciganos tivessem se originado na Índia teríamos os caracteres sânscritos, mas como encontramos ciganos em quase todas as partes do mundo, o romani poderia ter os caracteres da escrita russa, ou egípcia, latina, grega, árabe ou outra qualquer.

Assim como o idioma, todos os demais ensinamentos e conhecimentos da cultura e tradição ciganas dependem exclusivamente da transmissão oral. Os mais velhos ensinam aos mais jovens e às crianças os conhecimentos do passado, o pensamento e a maneira de viver herdados dos ancestrais.

OS CIGANOS E AS PROFISSÕES

Junto com a modernidade, o aumento progressivo das cidades, os ciganos foram ficando cada vez mais limitados em suas andanças, tornando-se mais sedentários ou passando a morar mais tempo no mesmo lugar. Assim as profissões mais freqüentes são as do comércio e as ligadas às artes, principalmente à musica. Cantores, compositores, músicos, dançarinos, surgem com suas melodias, passos marcantes de dança, como a flamenca da Espanha, trazendo alegria e energia contagiantes para os recintos onde se apresentam.

Ao longo do tempo fizeram e ainda fazem parte de troupes circenses, uma vez que o mundo do circo sempre mudando de lugar, combina perfeitamente com o pensamento e sentimento ciganos.

A leitura de cartas e das mãos pelas mulheres ciganas também rende dinheiro, porém essa atividade não é considerada uma atividade profissional, mas um ato de devoção à fé cigana.

O povo cigano é um povo honesto, que vive procurando manter sua dignidade e honradez, não sendo procedente a reputação de ladrões que lhes é imputada.

O CRIS-ROMANI

Para os ciganos a liberdade e a interação com a natureza constituem bens do mais alto valor e estima, o que os motiva a obedecerem à um código de ética e moral até rigoroso. Nada mais enganoso que julgá-los estroinas, devassos, desregrados ou amorais. Seu amor pela família e pelo grupo, sua consciência que é o seu reto proceder - talvez a única forma de preservar e perpetuar suas origens e o próprio povo. São obedientes às leis universais, como não roubar e não matar. Quando um cigano ou uma cigana infringe as leis é convocado o Tribunal de Justiça ou o Cris-romani, formado por ciganos idosos ou pelos mais velhos do grupo, que julgam os infratores, procurando exercer seu papel com o mais alto sentido de responsabilidade e respeito.

O Cris-romani é falado totalmente em romani, e nele somente os homens podem se manifestar. No caso de o infrator ser uma mulher, um homem fala por ela fazendo seus apelos e oferecendo suas explicações ou justificativas.

TRIBOS OU CLÃS?

Os Ciganos não gostam e não aceitam a palavra tribo para denominar seus grupos, pois não possuem chefes equivalentes aos caciques das tribos indígenas, nas mãos de quem está o poder.

Os ciganos também não possuem pajés ou curandeiros, ou ainda um feiticeiro em particular, pois cada cigano e cigana tem seus talentos para a magia, possui dons místicos, sendo portanto um feiticeiro em si mesmo. Todo povo cigano se considera portador de virtudes doadas por Deus como patrimônio de berço, cabendo à cada um desenvolver e aprimorar seus dons divinos da melhor e mais adequada maneira.

Existem autores que citam que cada grupo cigano tem seu feiticeiro particular denominado kakú, porém esta palavra no idioma romani significa apenas tio, não tendo qualquer credibilidade esta afirmação.

Os ciganos preferem e acham mais correto o termo clã para denominar seus grupos.

OS PRINCIPAIS GRUPOS CIGANOS

Atualmente, existe um sem-número de grupos ciganos, sendo os mais expressivos no presente os seguintes:

GRUPO KALON

Os componentes deste grupo fixaram residência especialmente na Espanha e Portugal, onde sofreram severas perseguições, pois sendo estes países profundamente católicos e conservadores, não podiam admitir os costumes ciganos, tanto que foram proibidos de falar o seu idioma, usar suas vestes típicas e realizar festas e cerimônias segundo suas tradições. O que os ciganos sofreram na Península Ibérica, lembra de certa maneira o que os negros sofreram em terras do Brasil.

Os ataques da realeza ao grupo Kalon foram tão rigorosos, que ele foi obrigado a criar um dialeto, mescla de seu próprio idioma com o português e o espanhol, em particular em Portugal, onde as proibições não foram verbais, mas determinadas por decreto do rei D. João V.

Apesar de todos os sofrimentos o Clã Kalon sobrevive até os dias atuais, sendo um dos grupos que mais fielmente segue as tradições ciganas. Tem-se que os Kalons originaram-se no antigo Egito.

GRUPO MOLDOVANO

De pele mais clara e olhos azuis, este grupo originou-se em terras da Rússia, tendo de enfrentar os rigores do inverno russo em suas precárias carroças. Sob as pesadas roupas e capotes escuros mal reconhecemos sua origem cigana. A denominação moldavano vem da palavra Moldávia, região da Europa central, que chegou a fazer parte do Império Russo e da antiga URSS.

GRUPO HOHARANÔ

Surgiram em terras turcas e se destacaram em especial como grandes criadores de cavalos. Os integrantes deste grupo chegaram ao Brasil bem depois do grupo Kalon, somente no final do século XVIII.

GRUPOS KALDERASH E MATCHUIYA

Os ciganos do grupo Kalderash são originários da Romênia e da antiga Iugoslávia, o berço dos Matchuiya. Ambos os grupos chegaram ao Brasil no final do século XVIII. Os primeiros ciganos a chegarem no Brasil eram do grupo Kalon e vieram de Portugal em meados do século XVII. Portugal, necessitando de mestres de forja no Brasil, enviou-os para cá para que fabricassem ferraduras, armamentos e ferramentas. Faziam também artesanalmente utensílios domésticos, seus tachos e alambiques para o fabrico da cachaça, famosos até hoje por serem extremamente bem feitos e resistentes.

A FAMÍLIA

O comando da família é exercido de maneira completa e responsável pelo homem. Ele é o líder e à ele competem a proteção, a segurança e o sustento da família. A mulher e os filhos o respeitam como máxima autoridade e lhe são inteiramente subordinados.

São os homens que resolvem as pendências, acertam o casamento dos filhos, decidem o destino da viagem e se reúnem em conselhos sobre assuntos abrangentes e comuns ao Clã.

As mulheres ciganas não trabalham fora do lar e quando vão às ruas para ler a sorte, esta tarefa é entendida como um cumprimento de tradições e não como parte do sustento da família, apesar de elas entregarem aos maridos todo o dinheiro conseguido.

Os ciganos formam casais legítimos unidos pelos laços do matrimônio, não fazendo pare de seus costumes viverem amasiados ou aceitarem o concubinato. Vivem juntos geralmente até a morte e raramente ocorrem entre eles separações ou divórcios, que somente acontecem se existir uma razão muitíssimo grave e com decisão do Tribunal reunido para julgar a questão.

Os pares ciganos, marido e mulher, são muito reservados e discretos em público, não trocando nenhum tipo de carinho que possa ser entendido como intimidade, que é vivida somente em absoluta privacidade.

Enquanto o homem representa o esteio e o braço forte da família, a mulher significa o lado terno e de proteção espiritual dos lares ciganos.

Cabe às mulheres cuidarem das tarefas do lar e as meninas ficam sempre ao redor da mãe, auxiliando nos trabalhos da casa, ajudando a cuidar dos irmãos menores e aprendendo as tradições e costumes como a execução da dança, a leitura das cartas e das mãos, a realização dos rituais e cerimônias, os preceitos religiosos.

Se uma criança ou jovem cigano sai dos eixos, tem um comportamento inadequado ou procede mal, geralmente mulher é responsabilizada por tais feitos.

OS REPRESENTANTES DA SABEDORIA

Talvez em todo o clã cigano, sejam os idosos os merecedores da mais alta estima e respeito. Eles são vistos e tratados como os detentores da sabedoria, da experiência de vida acumulada e seus conselhos são ouvidos pelos jovens e pelos adultos como sendo a voz do conhecimento aprendido na prática da vida do dia-a-dia.

Responsáveis pela transmissão oral dos ensinamentos e tradições, eles são considerados como sábios, o passado vivo e manda a tradição que os mais jovens lhes beijem as mãos em sinal de respeito. Possuem lugar de destaque nas festividades e cerimônias, atuando também como conselheiros e consultores nos tribunais de justiça.

Eles são cuidados com desvelo e tratados com toda a dignidade pelos demais. Esta forma de tratamento faz com que se mantenham lúcidos até o final de suas vidas, pois nada é mais doentio para uma pessoa idosa de qualquer sociedade do que ser tratada como resto, uma pessoa inútil e sem valor, um fardo ser carregado pelos mais jovens.

Biliografia:
CIGANOS - OS FILHOS MÁGICOS DA NATUREZA
de Rosaly Mariza Schepis

Fonte: www.umbandaracional.com.br

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